Guerra Rússia-Ucrânia

"O tempo corre contra a Ucrânia": dos avanços russos em Bakhmut à contraofensiva ucraniana

Germano Almeida analista os desenvolvimentos na guerra na Ucrânia e as relações internacionais entre a União Europeia e a China.

Germano Almeida

SIC Notícias

As forças russas terão registado avanços em Bakhmut, na noite desta quarta-feira. A cidade que antes tinha cerca de 30 mil habitantes é palco de um dos confrontos mais violentos e está completamente devastada. No entanto, este avanço não é “tão significativo” para Germano Almeida, comentador SIC, como o “pré-anúncio” da contraofensiva ucraniana, que deverá acontecer nos próximos meses

“O novo armamento que a Ucrânia está a receber estará prestes a poder ser usado, nomeadamente carros de combate, sistemas de artilharia mais fortes”, lembra o comentador SIC. “A Rússia tinha forte superioridade no terreno, mas teve um avanço pífio. Chegamos à fase da contraofensiva sem os russos terem fechado o que era preciso.”

Germano Almeida sublinha que é preciso “travar a Rússia”, o que implica “não pensar numa guerra longa”. Esta “guerra longa” vai acabar por “favorecer o agressor, que é mais forte, maior e tem mais gente.”

“Zelensky sabe que a hora da verdade para Ucrânia está a chegar, são os próximos meses. E, por isso, está a esticar a corda para que haja um aumento da capacidade de ajuda à Ucrânia e para que haja essa noção de que se Putin tiver essa pequena vitória em Bakhmut e noutro ponto vai alimentando a sua narrativa interna e ter mais condições para alimentar a guerra.”

Xi Jinping ainda pode ser moderador do conflito?

O Presidente da China tem-se posicionado como um mediador do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. No entanto, depois da visita a Moscovo, este papel tornou-se menos claro.

“Por muito que tenha querido posicionar-se como mediador, [Xi Jinping] não tem neste momento condições para ser mediador a menos que mude a sua posição”, afirma Germano Almeida. “Por definição, um mediador é alguém capaz de se posicionar de forma equidistante ou pelo menos ser capaz de falar com as duas partes. Neste momento, Xi Jinping foi a Moscovo, mostrou grande proximidade sem limites com Putin, elogiou a liderança nos últimos anos de Putin, diz que reforçou a Rússia.”

O comentador da SIC lembra que, na próxima semana, vários líderes europeus deslocam-se à China, incluindo o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchéz, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e o Presidente de França, Emmanuel Macron.

“Os líderes europeus vão dizer a Xi que para o seu plano de paz ser mais credível, tem de exigir a retirada das tropas russas e qualquer paz implica que a Ucrânia não abdique de nenhuma parte do seu território”, explica Germano Almeida.

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