Foi detido o cidadão russo que tinha sido condenado a dois anos de prisão por desacreditar as Forças Armadas da Rússia. Alexei Moskalyov estava a ser investigado pela polícia depois da filha, Masha, ter feito um desenho antiguerra na escola.
A detenção foi confirmada à Reuters pelo advogado Dmitry Zakhavatov, que não avançou mais detalhes. Também a agência de notícias SOTA avança que Moskalyov foi detido em Minsk, capital da Bielorrússia – um país aliado da Rússia.
Este caso suscitou grande indignação durante várias semanas na Rússia, tornando-se um dos símbolos da repressão contra os que se opõem à operação militar lançada há mais de um ano pelo Kremlin na Ucrânia.
Além da condenação de dois anos de prisão, Alexei Moskalyov ficou também sem a custódia da sua filha, que foi colocada num orfanato. O russo tinha conseguido fugir de casa, onde estava em prisão domiciliária desde março, antes de ter sido divulgado o veredicto. O desaparecimento de Moskaliov tinha sido anunciado pelo tribunal de Efremov, a 300 quilómetros ao sul de Moscovo.
"O veredicto foi lido na ausência do acusado, porque este escapou e não compareceu à audiência", informou a chefe do serviço de comunicação do tribunal, Elena Mikhailovskaia.
O que desencadeou este caso
O caso começou quando a filha de Moskaliov, Masha, uma estudante de 13 anos do ensino secundário, fez um desenho nasala de aula que retratava mísseis em direção a uma mulher e uma criança com uma bandeira ucraniana.
Depois de a escola ter alertado as autoridades, estas encontraram mensagens do pai, nas redes sociais, criticando a invasão russa da Ucrânia, o que lhe valeu uma acusação por "desacreditar os militares russos".
Moskaliov foi colocado em prisão domiciliária e a filha foi para uma casa particular, ficando privada de qualquer contacto com o pai.
O futuro da família será decidido num outro julgamento, que começa a 6 de abril, e durante o qual Moskaliov corre o risco de ficar definitivamente privado da sua autoridade parental.
Como sinal da indignação social suscitada por este caso, foi lançada uma petição nas redes sociais, apesar da pressão das autoridades, para exigir a devolução da criança ao pai.
Até o chefe do grupo mercenário russo Wagner, Yevgeny Prigojin, cujos homens lutam na linha de frente na Ucrânia, deu o apoio a Masha e criticou as autoridades russas.