A Rússia reivindicou esta quarta-feira a destruição no oeste da Ucrânia de um depósito de armas ocidentais, vitais para Kiev, enquanto prossegue a retirada de civis da região de Donetsk (leste), onde se intensificam os combates.
"Mísseis russos de alta precisão" destruíram perto de Radekhiv, na região de Lviv, "um depósito de armamento e de munições estrangeiras que foram entregues ao regime de Kiev a partir da Polónia", disse o Ministério da Defesa russo, nas suas declarações diárias.
Na terça-feira, a Força Aérea ucraniana tinha-se referido a oito mísseis de cruzeiro disparados a partir do mar Cáspio e indicaram que um deles tinha atingido "um complexo de defesa antiaérea na região de Lviv", perto da fronteira com a Polónia, enquanto os restantes terão sido intercetados.
O envio de diverso tipo de armamento, em particular artilharia de precisão, são essenciais para permitir à Ucrânia contrabalançar a superioridade numérica russa.
Retirada obrigatória da população de Donetsk
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, voltou a agradecer na terça-feira ao seu homólogo norte-americano, Joe Biden, o fornecimento de sistemas "Himars", que disparam mísseis guiados por GPS até 80 quilómetros de distância.
"A palavra 'Himars' tornou-se quase num símbolo da palavra 'justiça' para o nosso país", assegurou.
Em paralelo, e após Zelensky ter ordenado em 30 de julho a retirada obrigatória da população de Donetsk (leste), as autoridades ucranianas anunciaram esta quarta-feira que 821 civis saíram desta região desde domingo.
"Nos dias 1 e 2 de Agosto conseguiram sair de Donetsk 821 pessoas, incluindo 185 crianças e 49 pessoas com mobilidade reduzida", segundo indicou aos 'media' a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuck.
Estes cidadãos foram sobretudo retirados de regiões do centro da Ucrânia, incluindo Kirovohrad, Poltava, Zhytomyr, Rivne e Vinnytsia, acrescentou.
Vereshchuck garantiu que nos "próximos meses", e por "motivos de segurança", pelo menos 500.000 pessoas deverão abandonar as zonas onde decorrem os combates, no leste e no sul do país.
Mais de 1,5 milhões de pessoas viviam na região antes da invasão da Rússia
Antes do início da invasão russa, em 24 de fevereiro, residiam na região de Donetsk - já sob controlo parcial pelos separatistas pró-russos - mais de 1,5 milhões de pessoas.
No fim de semana passado, Zelensky decretou a retirada obrigatória dos civis da região, apesar da recusa de muitos habitantes que resistiam em abandonar as respetivas casas apesar da intensificação dos combates e da falta de produtos básicos.
As autoridades de Kiev dizem pretender que apenas permaneçam na região cerca de 235.000 pessoas, envolvidas na defesa e na manutenção de infraestruturas básicas.
No entanto, reconheceu Zelensky, a supremacia russa em artilharia e efetivos permanece patente, em particular nos intensos combates em Donetsk, uma das duas províncias da bacia do Donbass (leste).
"Em Pisky, Avdiïvka e outros locais. É o inferno", admitiu.