A Câmara de Setúbal nunca se opôs a que cidadãos russos recebessem refugiados ucranianos ao serviço da autarquia. Um documento a que a SIC teve acesso revela que competia à câmara autorizar ou não a seleção dos funcionários por parte da associação. A autarquia recusou esclarecer o caso.
Suspeito de manter fortes ligações ao Kremlin, Igor Khashin ficou de fora das assinaturas do protocolo de cooperação.
Foi renovado em maio do ano passado com o município em troca de cerca de 30 mil euros anuais.
É o nome da mulher, Yulia Kashina, que assina o documento como presidente da direção.
A Associação de Imigrantes de Países de Leste está a obrigada a disponibilizar à autarquia dois colaboradores para integrar a equipa do SEI, destacados entre a comunidade imigrante.
Na cláusula terceira do acordo compete à camara “dar o seu assentimento aos colaboradores escolhidos”, ou seja, apesar de poder, a câmara nunca se opôs que Igor Khashin representasse a autarquia no apoio aos refugiados ucranianos.
No protoloco, há também uma cláusula de confidencialidade que obriga a associação a “tratar e a manter como absolutamente confidenciais todas e quaisquer informações que não sejam de conhecimento público e a que tenham acesso ao abrigo do presente protocolo”.
O governo garante que os Serviços Secretos estão atentos.
Na reunião camarária, os vereadores tentaram obter respostas. O presidente André Martins não avançou com esclarecimentos.
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