Guerra no Médio Oriente

Quem é Ali Khamenei? O homem que governa o Irão nas sombras e que Netanyahu admite eliminar

A sua liderança tem sido marcada por uma política externa agressiva contra Israel e os seus aliados, e uma repressão interna contra dissidências. A escalada recente do conflito com Israel coloca o sistema político iraniano sob pressão, levantando questões sobre a sucessão de Khamenei.

SIC Notícias

Há 35 anos no topo do poder iraniano, o aiatolá Ali Khamenei é tanto a figura espiritual como o decisor máximo da política nacional.

Líder supremo do Irão desde 1989, acumula os títulos de chefe de Estado, comandante supremo das forças armadas e voz final sobre todos os assuntos estratégicos da República Islâmica. Hoje, aos 86 anos, é também alvo direto das ameaças do primeiro-ministro israelita.

Benjamin Netanyahu não descarta abertamente a possibilidade de assassinar o homem mais poderoso do Irão. A morte de Khamenei, segundo o próprio, poderia significar o fim do conflito que se intensificou nos últimos dias — uma guerra de fogo cruzado que já custou vidas de figuras chave do regime iraniano, mas poupou, para já, o seu líder máximo.

Khamenei passou cinco anos sem aparecer publicamente. Só em outubro do ano passado voltou a surgir, numa oração numa mesquita em Teerão, após o assassinato do seu antigo aliado, Hassan Nasrallah, líder histórico do Hezbollah, morto por militares israelitas. Desde então, os ataques têm-se intensificado.

Trump tenta evitar ataque direto

Washington tenta agora conter a escalada. O presidente dos Estados Unidos procura dissuadir Netanyahu da ideia de um ataque direto contra o líder iraniano, temendo um ponto de não retorno num conflito já frágil.

Veterano da guerra Irão-Iraque, onde forjou uma relação sólida com a Guarda Revolucionária — força de elite e braço armado da ideologia do regime — Khamenei sobreviveu a uma tentativa de assassinato que lhe deixou o braço direito paralisado.

Estilo de vida reservado

Desde então, mantém-se numa postura reservada, evitando viagens ao estrangeiro e mantendo a sua vida pessoal longe das câmaras. Vive com a mulher no centro de Teerão e é pai de seis filhos. Entre os quatro rapazes, destaca-se Mojtaba, o segundo, já apontado como sucessor natural.

A sua liderança tem sido marcada por uma política externa agressiva contra Israel e os seus aliados, através do financiamento de grupos como o Hamas, o Hezbollah, os Houthis do Iémen e o regime sírio de Bashar al-Assad.

Internamente, Khamenei manteve uma linha dura contra qualquer ameaça ao regime, reprimindo dissidências com mão de ferro — sobretudo nos anos 1980, quando milhares foram presos ou executados.

Líder iraniano enfrenta uma das maiores provações

Agora, com o país à beira de uma guerra aberta com Israel, o próprio sistema político que Khamenei construiu enfrenta uma das maiores provações da sua história. A sucessão, tema que há muito circula discretamente nos bastidores do poder, pode ganhar nova urgência.

Porque, mesmo com décadas de controlo quase absoluto, o líder supremo sabe que nenhum poder é eterno — sobretudo quando a morte política ou literal é colocada em cima da mesa.

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