Queda do BES

Exposição do BES à ESFG aumentou 500 M€ no 2º trimestre

O BES aumentou a exposição à Espírito Santo Financial Group (ESFG) e subsidiárias em mais de 500 milhões de euros apenas no segundo trimestre. 

(Arquivo/Reuters)
REUTERS

O BES, que tem a ESFG como principal acionista com 20% do seu capital, divulgou na quarta-feira à noite as contas do primeiro semestre, em que teve prejuízos de 3.577,3 milhões de euros. 

No documento, o banco refere a exposição direta às empresas do Grupo  Espírito Santo (GES), sendo de destacar que apenas à ESGF e subsidiárias  o banco aumentou a exposição no segundo trimestre do ano para 927,6 milhões  de euros, ou seja, mais 511,4 milhões de euros do que o valor registado  no final de março. 

O maior aumento de exposição regista-se em relação à empresa ES Financire,  seguida do banco ES Bank Panamá.  

Em março, a exposição do BES ao banco no Panamá era de 210,6 milhões  de euros enquanto em junho já ascendia a 342,2 milhões de euros, sendo este  valor referente a crédito. Entretanto, a 18 de julho, o regulador bancário  do Panamá assumiu o controlo temporário deste banco face à sua falta de  liquidez e "potencial insolvência". 

Já na ES Financire, os 110,8 milhões de euros registados em março comparam  com os 480,1 milhões de euros de junho, ou seja, quatro vezes mais, sendo  que a maior parte deste valor também se refere a crédito. 

Para fazer face à elevada exposição do BES à ESFG e subsidiárias e a  eventuais imparidades, nas contas semestrais foi constituída uma provisão  de 823 milhões de euros. 

Este valor representa a maior fatia do total de 1.206 milhões de euros  provisionados pelo BES para fazer face a eventuais perdas que venha a registar  com empresas do GES a quem deu crédito ou prestou garantias. 

As contas semestrais do BES referem, ainda sobre a exposição à ESFG,  que só em junho de 2014 a exposição à 'holding' se agravou em 120 milhões  de euros, "em consequência de algumas operações realizadas entre o banco  e estas entidades" que não tiveram a aprovação prévia dos órgãos do banco  competentes, pelo que está em marcha uma análise para se perceber as condições  em que ocorreu. 

É ainda referida a garantia da ESFG face à dívida emitida pela Rioforte  e Espírito Santo International em que deu como penhor a seguradora Tranquilidade  e a colocação de dívida da ESFG na Tranquilidade no valor de 150 milhões  de euros. Segundo o documento, o agravar da situação da ESFG pelo pedido  de proteção de credores afeta "de forma muito relevante o valor da garantia  prestada (...) tendo este facto levado o BES a assumir diretamente o reembolso  aos seus clientes a retalho". 

Ainda dentro dos 1206 milhões de euros provisionados, 144 milhões de  euros referem-se à exposição do BES à Rioforte e subsidiárias, 'holding'  em que houve um aumento da exposição total de 69,6 milhões de euros em março  para 270,8 milhões de euros em junho. 

O principal motivo para o aumento da exposição tem a ver com o mandato  dado ao BES para a venda de ativos da Rioforte e "cuja execução pode estar  afetada em consequência do pedido de proteção de credores" também apresentado  por esta 'holding' no Luxemburgo. 

Já a 28 de julho, acrescenta o documento, a exposição do BES à Rioforte  era de 190 milhões de euros, "decorrente do facto de o banco ter aceitado  adquirir a esta entidade valores mobiliários com vista à geração de liquidez  tendente ao reembolso pela Rioforte de papel comercial colocado pelo BES  indiretamente em alguns dos seus clientes de retalho", o que ainda não aconteceu.

Por fim, foi constituída uma provisão de 239 milhões de euros a propósito  da exposição bruta de 297 milhões de euros do BES à Escom. 

Relativamente a esta empresa do Grupo Espírito Santo (GES) houve um  acordo para a sua venda à petrolífera angolana Sonangoljá em 2010, mas o  negócio ainda não foi concretizado e pago na totalidade, com o BES a referir  que espera uma conclusão "para breve" deste processo.        

Lusa

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