Gaza

Deputados do Reino Unido recomendam reconhecimento do Estado da Palestina

Os deputados britânicos aprovaram hoje à noite uma moção que defende o reconhecimento de um Estado palestiniano e apela ao Governo para que faça o mesmo, num voto que não é vinculativo.  

Dez dias depois do anúncio feito pela Suécia, criticado imediatamente por Israel, que ia reconhecer o Estado da Palestina, os parlamentares do Reino Unido aprovaram, por 274 votos contra 12, uma moção em que apelam ao Governo britânico para que "reconheça um Estado palestiniano ao lado do Estado de Israel", como uma "contribuição para assegurar uma solução negociada consagrando dois Estados" na região.

Outros Estados europeus, como a Polónia ou a Bulgária, reconheceram o Estado palestiniano em 1988, quando ainda integravam o bloco soviético. No total, a Autoridade Palestiniana garante que 134 Estados, entre os quais o Brasil e a Argentina, já reconheceram a Palestina.

O voto dos parlamentares britânicos não vai mudar nada no imediato, uma vez que tem um carácter apenas simbólico e o Governo de David Cameron não é obrigado a segui-lo.

A posição do executivo "é muito clara e não vai mudar", qualquer que fosse o resultado da votação, dissera um porta-voz governamental durante a abertura do debate, na segunda-feira à tarde.

O Reino Unido absteve-se em 2012 quando foi votada a atribuição do estatuto de observador à palestina na Organização das Nações Unidas.

Durante o debate, o ministro com a pasta do Médio Oriente, Tobias Ellwood, sublinhou que um Estado palestiniano só seria reconhecido quando o momento fosse considerado apropriado.

"As aspirações do povo palestiniano não podem ser realizadas plenamente enquanto não acabar a ocupação (...) e pensamos que isso só será alcançado por negociações", disse Ellwood.

Apenas o fim da ocupação assegurará que um Estado palestiniano possa tornar-se uma realidade no terreno, avançou.

"O Reino Unido vai reconhecer um Estado palestiniano quando considerarmos que isso possa trazer a paz", insistiu.

A moção foi apresentada pelo deputado trabalhista Grahame Morris e obteve o apoio do seu partido e também dos conservadores e liberais-democratas, que estão no poder. A coligação garantira que não tinha dado qualquer orientação de voto, enquanto vários deputados trabalhistas favoráveis a Israel se opuseram à moção.

"O Reino Unido tem uma responsabilidade histórica e moral" de reconhecer o Estado da Palestina, estimou o deputado conservador Alan Duncan, antigo secretário de Estado para o Desenvolvimento Internacional, aludindo ao mandato britânico na Mesopotâmia e Palestina no século XX.

"Há demasiado tempo que a Palestina vive ocupada e com os seus habitantes a terem uma vida miserável, que os israelitas continuam, pouco a pouco, a construi em terras que não lhes pertencem. Já é altura de o mundo reconhecer o Estado palestiniano como o fizeram 134 países junto das Nações Unidas", insistiu o antigo governante, em declarações à televisão Skynews.

Um reconhecimento, mesmo que simbólico, de um Estado palestiniano por Westminster pode inspirar "outros Estados da União Europeia" a fazerem o mesmo, disse o autor da moção à agência noticiosa AFP.

 

LUSA

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