Eleições nos EUA

DIA D-63: os democratas não deviam fugir da Economia

Opinião de Germano Almeida. Dois terços dos americanos dizem que gostavam mais da Economia no tempo de Trump do que nos anos Biden e os democratas parecem estar a evitar colocar o Emprego no centro da argumentação.
Peter Zay/Getty Images

Germano Almeida

1 – Os democratas não deviam ter medo da economia

Os EUA cresceram, no segundo trimestre de 2024, cinco vezes mais que a União Europeia – 3,1% a América; 0,6% a Europa. O crescimento económico dos Estados Unidos nesse período foi quase o dobro da média dos 38 países da OCDE: 1,8%. A inflação na América está nos 2,9%. Há dois anos era de 9,1%, fruto da disrupção das cadeias de distribuição no regresso da atividade pós pandemia e nos primeiros efeitos das sanções à Rússia pela invasão da Ucrânia.

A Federal Reserve terá já decidido, indicou há dias Jerome Powell, baixar as taxas de juro em 50 pontos -- dos atuais 5.5% para 5.0%, já no próximo dia 18 de setembro. Depois do sucesso da política de juros altos para baixar a inflação, é tempo de começar a inverter a agulha. Os EUA foram, por dois anos consecutivos, o país do G7 que mais cresceu. O desemprego, embora esteja a subir ligeiramente nos últimos meses, continua historicamente baixo. Joe Biden, em três anos e meio, viu um período de criação de emprego que não é comparável com qualquer outro Presidente desde a Grande Depressão dos anos 30 do século passado (15,2 milhões, já com os 800 mil descontados da revisão em baixa feita há dias pelo Departamento de Trabalho).

Perante este quadro, é uma oportunidade perdida os democratas fugirem, nesta eleição, de colocar o tema do Emprego como uma das principais centralidades na argumentação de campanha. A explicação é meramente estratégica: dois terços dos americanos dizem que gostavam mais da Economia no tempo de Trump do que nos anos Biden. Mas... isso não seria motivo para explicar as razões, em vez de fugir da questão?

2 – O que se passa na Pensilvânia?

Os três estados da “Rust Belt” – Michigan, Wisconsin, Pensilvânia – continuam totalmente em aberto, embora, no padrão das sondagens do último mês, se perceba uma ligeira vantagem de Kamala nos primeiros dois, mas um empate ou, nos últimos dias, uma pequena vantagem de Trump na Pensilvânia. Se atendermos ao facto de que estes três Estados, consistentemente, têm votado da mesma forma nas eleições presidenciais (os três por Clinton, os três por Gore, os três por Kerry, os três por Obama, os três por Trump, os três por Biden), devemos olhar com ainda mais atenção para a Pensilvânia do que para os outros dois – até porque é dos três o que vale mais no Colégio Eleitoral.

Olhemos então para o condado de Erie – provavelmente o mais relevante deste tão relevante estado decisivo. Erie foi um condado democrata sólido durante décadas. Deu grandes vantagens a Barack Obama em 2008 e 2012. Em 2016, passou para Donald Trump por menos de dois mil votos. Há quatro anos, Biden recuperou o condado de Erie para os democratas por menos de 1500 votos.

Será que, desta vez, Erie volta a ser um condado espelho de como será a eleição? Por agora, o que se pode dizer é que a Pensilvânia está tecnicamente empatada: Kamala 48 / Trump 48 (The Hill/Emerson, 25 a 28 agosto); Kamala 51 / Trump 47 (Bloomberg/Morning Consult, 23 a 26 agosto); Trump 47 / Kamala 45 (Trafalgar Group, 28 a 30 agosto); Trump 47 / Kamala 46 (InsiderAdvantage, 18 a 19 agosto).

Uma interrogação: Quem vencer a Pensilvânia vencerá esta eleição, ou, no caso de ser Trump a ganhar esse estado, Kamala ainda poderá contornar vencendo a Carolina do Norte e a Geórgia (ou o Arizona ou o Nevada)?

Um estado: New Hampshire

- O New Hampshire tem 1,4 milhões de habitantes:

  • 88,8% brancos;
  • 3,2 asiáticos;
  • 1,6% negros;
  • 0,2% nativo-americanos.
  • É o 42.º Estado com maior população;
  • É o 7.º Estado mais rico da União.

Resultado em 2020: Biden 52,7%-Trump 45,4%

Resultado em 2016: Hillary 47,6%-Trump 47,3%

Resultado em 2012: Obama 52,0%-Romney 46,4%

Resultado em 2008: Obama 54,2%-McCain 44,5%

Resultado em 2004: Kerry 50,2%-Bush 48,9%

Vale 4 votos no colégio eleitoral

Uma sondagem:

NEVADA -- Trump 48 / Kamala 47

(Insider Advantage, 29 a 31 agosto)

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