Eleições nos EUA

DIA D-65: Kamala estagnada, Trump a tentar renascer

Opinião de Germano Almeida.A corrida continua tecnicamente empatada, mas prevalece, nesta fase a ideia de que a subida de Kamala Harris parou mesmo, depois de quase um mês de escalada ininterrupta.
Marco Bello

Germano Almeida

1 – A escalada de Kamala estancou

A corrida continua tecnicamente empatada, mas prevalece, nesta fase a ideia de que a subida de Kamala Harris parou mesmo, depois de quase um mês de escalada ininterrupta.

Em estudo do Trafalgar Group (entidade que tem apresentado números melhores para Trump em relação às outras concorrentes), Trump aparece à frente por dois pontos (47/45) na Pensilvânia e por um ponto no Wisconsin (47/46), Arizona (49/48), Nevada (48/47) e Carolina do Norte (49/48). O mesmo estudo revela empates no Michigan (47/47) e na Geórgia (48/48).

Ainda assim, as sondagens pós Convenção continuam, no geral, a dar ligeira vantagem a Kamala Harris nos estados decisivos. Já no voto popular nacional, a democrata mantém-se à frente, mas com diferença tangencial: Kamala 48/Trump 47 (Wall St. Journal), Kamala 49/Trump 48 (Quinnipiac).

Começa a parecer possível cenário de 2000 e 2016: candidato democrata com mais votos, candidato republicano a ser eleito por vencer o Colégio Eleitoral.


2 – Trump acena a segmentos hostis

Um dos caminhos de Donald Trump para tentar recuperar a liderança perdida tem sido o de acenar a segmentos onde, claramente, não domina.

Primeiro foi a sua posição de discordar da proposta de proibir o aborto às seis semanas na Florida, para reforçar a ideia de que não tem posição tão dura como boa parte da sua base, que defende uma "national abortion ban".

Trump diz agora que prefere dar liberdade aos estados, o que decorre do atual momento pós revogação Roe vs Wade, ocorrida em 2021. Outro ponto nesta suposta suavização do discurso foi a defesa da procriação medicamente assistida, nomeadamente da FIV (em nome "da defesa da família e da produção de lindos bebés").

A última nesta senda de alegada moderação trumpiana para recuperar nas mulheres e nos jovens é a de que será a favor da legalização da cannabis: assumiu ontem ser favorável à adoção de uma emenda que legalize o consumo recreativo de canábis para adultos no seu Estado natal, a Florida.

Em novembro, em simultâneo com as eleições presidenciais, está prevista a realização de um referendo constitucional sobre esta questão na Florida. Será que isto vai ser relevante?

UMA INTERROGAÇÃO: A entrevista dada por Kamala Harris e Tim Walz à CNN foi boa ou má para os interesses dos democratas?


Um Estado: Missouri

- O Missouri tem 6,2 milhões de habitantes:

  • 80,3% brancos,
  • 11,3% negros,
  • 2,0% asiáticos,
  • 19.º estado com maior população,
  • 38.º estado mais rico da União.


Resultado em 2020: Trump 56,8%-Biden 41,4%

Resultado em 2016: Trump 56,4%-Hillary 37,9%

Resultado em 2012: Romney 53,6%-Obama 44,3%

Resultado em 2008: McCain 49,4%-Obama 49,2%

Resultado em 2004: Bush 53,3%-Kerry 46,1%

Vale 10 votos no colégio eleitoral

UMA SONDAGEM

VOTO POPULAR NACIONAL -- Kamala 48 / Trump 47

(Wall Street Journal, 24 a 28 agosto)

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