Kamala Harris escolheu o governador do Estado do Minnesota, Tim Walz, para ser número dois na corrida à presidência dos Estados Unidos. Na antena da SIC, o comentador Germano Almeida falou numa "boa surpresa”.
“Tim Walz foi só aquele que lançou aquela que é, na minha opinião, a frase mais feliz e mais efetiva na mobilização e energização do campo democrata (...) quando disse que Trump e Vance são ‘weird duds’, ou seja, tipos estranhos. Isso está a pegar na perspetiva que Tim Walz é alguém com uma plataforma política, eu diria, muito idêntica à de Kamala Harris”.
Uma plataforma que pode ter pesado na escolha. Em cima da mesa, estavam também os nomes de Josh Shapiro, governador da Pensilvânia, e Mark Kelly, senador do Arizona. Para o comentador da SIC, a escolha deveu-se, essencialmente, ao que Walz pode oferecer à campanha de Kamala Harris
“Walz dá, como Josh Shapiro, governador da Pensilvânia, o preterido de última hora, mais hipóteses a Kamala Harris na Rust Belt, no Midwest, no eleitorado branco, pouco qualificado, trabalhador" mas "uma composição fundamental para ganhar uma eleição americana e onde Kamala Harris ainda não provou ser tão forte, e tem um lado que Shapiro não tem, mas que Mark Kelly, senador do Arizona, teria e seria interessante: o passado militar. Sabemos que os democratas não são tão fartos como os republicanos nas credenciais militares e Tim Walz foi durante 26 anos membro da guarda nacional do Exército”.
Mas não é só o percurso profissional que define uma pessoa e, por isso, Germano Almeida explica que o lado humano é uma das características que leva Walz a ser uma escolha positiva. "Se Josh Sapiro tinha até um currículo mais forte para vice-presidente”, o agora número dois de Kamala Harris é alguém “com grande carisma pelo lado afetivo”.
“Se Trump e JD Vance são a dupla da América zangada, ressentida, agressiva, masculina, tóxica… Kamala e Walz mostram um lado mais afetivo, mais solar da América.”
A isso, acrescenta-se também o facto de Josh Shapiro ser judeu, o que pode ter pesado na escolha de Kamala Harris.
“Não sei se o fator de Josh Shapiro ser judeu, embora um judeu bastante crido em Netanyahu terá levado a algum cálculo da estratégia de Harris em pensar: não sabemos até que ponto o risco de escalada no Médio Oriente, que evolução possa ter, e haver aqui algum perigo no posicionamento de Kamala.”
Para o comentador da SIC, Tim Walz, no futuro poderá não ser candidato à presidência dos Estados Unidos daqui a oito anos. Germano Almeida acredita que "os candidatos à sucessão de Kamala, do lado democrático (...) estão mais numa linha um pouco mais nova, nomeadamente Pete Buttigieg, atual secretário dos transportes da Administração Biden, Gavin Newsom, governador da Califórnia, ou Gretchen Whitmer, governadora do Michigan, que também teria sido uma hipótese para vice-presidente, caso não fosse mulher. Duas mulheres num ticket: a América ainda não chegou aí.”
A primeira aparição pública, depois de anunciada a decisão da candidata democrata, deverá acontecer esta terça-feira. Kamala Harris e Tim Walz deverão participar comício na Pensilvânia que terá como anfitrião Josh Shapiro.