1 – A dinâmica (ainda) está do lado de Kamala
Há apenas um mês e um dia, Joe Biden teve o seu momento-desastre no debate de Atlanta. A sua candidatura entrou em modo emergência, os democratas entraram em pânico.
Duas semanas e meia depois, a 13 de julho, Donald Trump foi o primeiro candidato presidencial americano em meio século a ser atingido a tiro.
Oito dias depois, a 21 de julho, Joe Biden desistiu. Faltam exatamente 100 dias para a eleição presidencial norte-americana. Na manhã do domingo em que Joe Biden desistiu, Donald Trump tinha 90% de hipóteses de ser eleito. Terminou esse dia com 65%, depois de Kamala ser endossado pelo Presidente para herdar a sua estrutura de campanha.
Neste momento, terá 55% de probabilidades de ganhar. Em menos de uma semana, Kamala Harris passou do número 2 do ticket para 45% de hipóteses de ser a próxima Presidente dos Estados Unidos. De repente, quase tudo mudou. Daqui a umas semanas podemos estar a falar dum cenário completamente diferente.
A 100 dias da eleição, Trump tem uma ligeiríssima vantagem nos estados decisivos, mas a tendência crescente está do lado de Kamala. A continuar assim, talvez fique mais provável, após a Convenção Democrata de Chicago (19-22 agosto) que o triunfo a 5 de novembro sorria à vice-presidente Harris.
Nos últimos 16 anos, 12 deles foram passados com um democrata na Casa Branca. Nos próximos dias, quem ler esta rubrica poderá ficar com mais pistas sobre o que tem levado a esta tendência.
2 – E se tivesse sido Nikki, Donald?
JD Vance parecia ter sido uma escolha acertada de Trump para a vice-presidência: o senador do Ohio é uma espécie de nova geração do trumpismo, uma confirmação da rutura no Partido Republicano tradicional, agora tomado por uma versão populista, radical, nacionalista, de visão redutora das relações internacionais, antiglobalista e contra os acordos de comércio internacional. Mas JD está a revelar-se ainda pior que Trump na boçalidade contra o empoderamento das mulheres, contra a diversidade de escolhas.
Vance poderia ajudar a segurar o Midwest (faz sentido), mas agrava a distância do discurso trumpista ao eleitorado moderado e independente. Por esta altura, a exatamente 100 dias da grande decisão, com o campo democrata a aproximar-se perigosamente nos estados decisivos, fruto do "boost Kamala" da última semana, Donald Trump estará a pensar: "Não teria sido melhor escolher Nikki Haley para vice?" Teria sido mais adequado para segurar algum voto feminino e para contrabalançar com o discurso populista e radical.
Agora é tarde, Donald. Para os republicanos, o dilema permanecerá: seguir a via extremista no tom contra as minorias e os "woke" ou tentar corrigir a tempo de recentrar o discurso?
UMA INTERROGAÇÃO: Será preciso recorrer aos tribunais para definir quem será o Presidente dos EUA no período entre 20 de janeiro 2025 e 20 de janeiro 2029?
Um Estado: Carolina do Sul
O estado da Carolina do Sul tem 5,1 milhões habitantes:
- 63,7% brancos
- 6,0% hispânicos
- 27,0% negros
- 1,8% asiáticos
- 51,6% mulheres
- 41.º estado em riqueza; 23.º em população
Resultado em 2020: Trump 55,1%-Biden 43,3%
Resultado em 2016: Trump 54,9%-Hillary 40,7%
Resultado em 2012: Romney 54,6%-Obama 44,1%
Resultado em 2008: McCain 53,9%-Obama 44,9%
Resultado em 2004: Bush 58,1%-Kerry 41,0%
(Nas últimas 13 eleições presidenciais neste estado, 12 vitórias republicanas, 1 vitória democrata)
A Carolina do Sul VALE 9 VOTOS NO COLÉGIO ELEITORAL (num total de 538).
Uma sondagem
VOTO POPULAR NACIONAL | Trump 49-Kamala 47
A 5: Kamala 45-Trump 44-Kennedy 4-Stein 1-West 1
(Wall Street Journal, 23 a 25 julho)