Eleições nos EUA

EUA-2024, Eleição Decisiva: falta um ano e meio

Joe Biden tem idade a mais, Donald Trump é o ex-Presidente mais impopular da América. Uma repetição do duelo de 2020 é o cenário mais indesejado por democratas e republicanos. Mas parece vir a ser um desfecho quase inevitável. A análise de Germano Almeida, comentador SIC, no dia em que falta exatamente um ano e meio para a eleição presidencial norte-americana de 2024.

Germano Almeida

O QUE OS ÚLTIMOS DIAS NOS MOSTRARAM

Quase metade dos democratas acha "pouco prudente" nomear um candidato de 82 anos. Mais de 60 por cento dos americanos e perto de 20% dos republicanos rejeita com clareza um regresso de Trump à Casa Branca. Mas a política americana é pródiga em paradoxos: o duelo mais indesejado deverá ser mesmo o que vai acontecer. Biden vs Trump em 2024? O Presidente parte em vantagem: ainda hoje teve uma ótima notícia económica, com a criação de 253 mil novos postos de trabalho em abril, muito acima dos 180 mil esperados, com uma nova descida da Taxa de Desemprego para 3,4%. Mas o fator idade gera grande inquietação e incerteza no campo Biden. E Trump terá alguma oportunidade de se vitimizar em 2024, se não levar com alguma condenação judicial, mas se mantiverem várias acusações. A indefinição é enorme.

TENDÊNCIA DEMOCRÁTICA

A recandidatura de Joe Biden parece ter afastado uma possibilidade de corrida real no campo democrata.

Apesar das reservas de muitos democratas quanto à idade avançada do Presidente, a confirmação da corrida à recandidatura fez com que Biden dissuadisse outras possíveis candidaturas que poderia, sem o Presidente em jogo, ter esperanças de nomeação: Bernie Sanders (à esquerda) já sinalizou que vai apoiar Biden; Kamala Harris, por definição, não avançará porque voltará a ser candidata a vice de Biden; Pete Buttigieg continuará o seu (bom) trabalho como secretário dos Transportes e Infraestruturas e pode ser forte hipótese em 2028, quando terá já perto de 50 anos e esperando que o passar do calendário reduzam a questão de ser casado com um homem.

Outros dois nomes ainda não foram claros, mas não devem enfrentar o Presidente, que apoiam: Gavin Newsom, governador da Califórnia, e Gretchen Whitmer, governadora do Michigan (e para muitos a provável primeira mulher Presidente dos EUA, veremos quando).

TENDÊNCIA REPUBLICANA

Depois das intercalares, Donald Trump parecia ter o seu futuro político comprometido: os seus candidatos tiveram derrotas inesperadas e o único que desempenhou acima do previsto era, precisamente, o que poderia fazer frente ao criador do Trumpismo: Ron deSantis, governador da Florida.

Mas em meio ano Trump voltou a mostrar que, tendo quase todos os defeitos do mundo, mantém uma virtude invejável na política: uma incrível capacidade de renascer quando nada o faria prever.

A vantagem de Donald é tão grande que fica difícil imaginar como possa deixar de ser o nomeado presidencial republicano pela terceira vez seguida. Trump tem o dobro das intenções de voto de De Santis e ambos, somados, têm 85% do eleitorado republicano.

Confirma-se: o GOP de Lincoln, Reagan, Bush e McCain transformou-se num partido de direita radical, identitário, em que o conservadorismo clássico passou, numa década, de sentimento dominante para mera fação minoritária.

Se Donald Trump for mesmo o candidato presidencial republicano pela terceira vez seguida, 2024 podem selar uma espécie de final do bipartidarismo clássico: um dos polos desse sistema dual está refém de uma via antidemocrática. 6 de janeiro de 2021 foi demasiado grave e demasiado gráfico para acharmos que estamos a cair num exagero interpretativo.

UMA FRASE

"Comigo na Casa Branca, a guerra na Ucrânia acabava num instante" (Donald Trump)

UMA SONDAGEM

Biden 43-Trump 38 (Reuters/Ipsos, 29 abril)

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