Pedro Nuno Santos, secretário-geral do Partido Socialista (PS), garante estar disponível para viabilizar um orçamento retificativo (limitado), mas promete uma oposição “forte”. Quanto ao Orçamento do Estado, acha “praticamente impossível” haver concordância. As garantias foram deixadas à saída de uma audiência de duas horas com o Presidente da República, no Palácio de Belém.
Foi a primeira vez que Pedro Nuno Santos falou em público depois da noite eleitoral de 10 de março, de onde saiu derrotado. Esta audiência, que durou cerca de duas horas, foi a maior até agora.
O socialista começou por assumir a derrota. O que espera? Que Luís Montenegro, presidente do PSD e líder da AD, que vai ser recebido na quarta-feira por Marcelo, “apresente uma solução de Governo estável”. E se isso não acontecer? “Não estamos nesse ponto”, garante.
“Tivemos as audiências e eu já esclareci que o PS não tem uma maioria para apresentar. O líder do PSD e da coligação e mostrou a vontade de ser indigitado primeiro-ministro. Obviamente que é a ele que tem de se pedir condições de governabilidade necessárias. Não podemos é pedir ao Partido Socialista que seja o garante de um Governo com a qual discorda.”
Depois de se declarar derrotado, assume que irá fazer uma “oposição forte” e que o PS será uma “alternativa democrática ao Governo da AD”.
“Seremos uma oposição responsável. O PS não votará documentos ou iniciativas legislativas de matérias com os quais não concorda. Isso não seria correto para ninguém”, acrescenta.
Resolver problemas na Educação, Saúde, Segurança e Justiça
Em declarações aos jornalistas, o secretário-geral do PS mostra-se disponível para encontrar, juntamente com a AD, uma solução (até ao verão) que permita resolver problemas de vários setores: professores, profissionais de saúde, forças de segurança e oficias de justiça.
De seguida, Pedro Nuno diz estar disponível para viabilizar um orçamento retificativo, que, salienta, esteja “limitado às matérias de consenso”.
A disponibilidade do PS vai ser comunicada pelo próprio Pedro Nunos Santos a Luís Montenegro e, dessa forma, indicarem dois nomes que possam - no prazo de 30 dias - encontrar soluções para estes profissionais da administração pública.
O novo aeroporto foi também abordado por Pedro Nuno Santos, que quer fazer parte da decisão da futura localização.
“Temos travar esta indecisão de 50 anos. Temos, de uma vez por todas, resolver”, afirma.
E qual será a posição do PS relativamente ao Orçamento?
É “praticamente impossível” que um orçamento geral do Estado tenha a “concordância” do Partido Socialista, refere o secretário-geral.
O responsável explica que um orçamento geral de Estado é, basicamente, um reflexo do programa eleitoral. Os da AD e PS são “muito diferentes” e Luís Montenegro assumiu-o, lembra Pedro Nuno Santos.
“A líder da AD disse numa entrevista durante a campanha que a distância do programa do PS com a AD era tanto que não se via a viabilizar um Governo no Partido Socialista. Nós achamos o mesmo.”
O PS entende que os socialistas devem liderar a oposição e nunca o conseguiriam fazer se “estivessem comprometidos com essa governação”.
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e o presidente do partido, Carlos César, foram esta terça-feira à tarde recebidos no Palácio de Belém, em Lisboa. O PS foi o sétimo e penúltimo partido a ser ouvido na série de audiências aos partidos com assento parlamentar.
Falta apenas a AD (PSD, CDS e PPM) reunir com Marcelo Rebelo de Sousa, encontro que acontece na quarta-feira, dia limite para a contagem de votos da emigração.