Eleições Legislativas

Nova geringonça? Convite do BE não procura "acordo escrito" nem "substituir" resultados eleitorais

Joana Mortágua explica que o objetivo não "substituir" o resultado eleitoral, mas procurar pontos comuns para “enfrentar uma maioria de direita que que se avizinha”.

Carolina Rico

Joana Mortágua defende que a esquerda deve unir-se para garantir que a democracia não fica ameaçada com a viragem à direita em Portugal. Para isso, o Bloco de Esquerda (BE) dirigiu aos partidos da esquerda um convite para reuniões de “convergência”.

Em debate na SIC Notícias com João Ferreira (PCP), Pedro Delgado Alves e (PS), esta quarta-feira, a bloquista explicou que o partido “não está à procura de um acordo escrito”, nem “substituir um resultado eleitoral que não existiu”.

“Esta é antes mais uma tentativa de, no campo democrático, no campo progressista, enfrentar uma maioria de direita que que se avizinha e, sobretudo, uma viragem à direita no país”, afirma Joana Mortágua.

"Queremos, em primeiro lugar, saber se no campo progressista os partidos estão de acordo sobre as razões do crescimento da extrema-direita, se convergem na análise dos resultados eleitorais, convergem até na análise sobre quais foram as políticas erradas que deram origem a este descontentamento que existe na sociedade portuguesa (...) e a partir daí construir uma barreira em torno de aspetos fundamentais de direitos humanos da Constituição. A última vez que a direita governou atirou tanto, tanto, contra a Constituição, que ela só não veio abaixo porque o Tribunal Constitucional se manteve firme. Queremos garantir que a que a Constituição se mantém uma Constituição com tantas garantias e tantos direitos como ela hoje está e que não fica sob ameaça.”

Pedro Delgado Alves garante que o PS está, “como no passado”, disponível para dialogar. “Há aqui, obviamente, matérias sobre as quais se pode, deve, prosseguir diálogo e concertação”, aponta.

"Convergiremos em alguns dos diagnósticos sobre as causas destes resultados, divergiremos noutros, muito provavelmente teremos até abordagens diferentes em relação a como lidar com alguns dos desafios que agora teremos pela frente, mas o princípio que conversar e construir pontes e caminhos de algo é positivo”, defende.

O PCP foi o primeiro partido a tomar medidas concretas de oposição à direita, com o anúncio, esta quarta-feira, de uma moção de rejeição.

“Estamos confrontados com a perspetiva de os problemas que temos, em lugar de encontrarem uma solução, poderem vir a ser agravados”, alerta João Ferreira. “Perante isto, o PCP desde a primeira hora se assumiu como uma força de combate que é simultaneamente uma força de proposta de alternativa”.

Sobre a proposta do BE, o comunista garantiu que o PCP está sempre disponível para “convergências em torno de questões concretas”.

“Aquilo que define a estabilidade ou instabilidade da vida nacional é o conteúdo das políticas que foram postas em prática, o conteúdo concreto da ação governativa. Ninguém imaginaria há dois anos, quando o PS sai de eleições com uma maioria absoluta que estaríamos hoje na situação em que estamos”, lembra João Ferreira.

O BE pediu também reuniões com o Livre e PAN. Todos já aceitaram o convite.

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