AD e o PS ainda não conseguiram esclarecer todos à sua volta sobre os cenários de governabilidade que aceitam ou recusam. O "silêncio" do PSD e as mudanças de opinião do PS tem sido bastante criticadas.
Para Sebastião Bugalho, a mudança de opinião de Pedro Nuno Santos “foi um dos pontos que lhe correu bem no debate”.
“Quando foi da questão dos Açores, ele disse que nunca trairia ao eleitorado do PS, no fundo endossando uma governação do PSD. Agora tem uma posição diferente. Era uma posição que fazia sentido para pressionar o PSD, mas ele não foi claro na linguagem que usou”, disse o comentador da SIC.
Sebastião Bugalho deixou ainda duas notas sobre o modo como o Partido Socialista está a olhar para esta questão da governabilidade:
“Eles têm que se decidir, porque em 2015 o PS decidiu que ser o mais votado não interessava, o que importava era quem é que tinha a maioria parlamentar. Foi assim que António Costa se tornou primeiro-ministro. É uma leitura que até vai ao encontro da Constituição, portanto, é uma leitura que é defensável”.
No entanto, o comentador da SIC perguntou: mas e quando Pedro Nuno “diz se ficar em primeiro e se materializar uma maioria à direita, ele quer que PSD viabilize, apesar de haver uma maioria à direita?”
“É porque isso não é o mesmo raciocínio que legitimou a geringonça em 2015. São pontos de vista diferentes. Nós não podemos ter um ponto de vista diferente consoante aquilo que nos dá mais jeito”, concluiu depois.
E em segundo lugar, Sebastião Bugalho disse que “não se pode pedir reciprocidade quando se está há anos a dizer que não há equivalência moral. Não se pode exigir reciprocidade porque a relação dos dois principais partidos com os seus extremos é diferente. Então obviamente não é reciprocidade, é um desequilíbrio".
Por outro lado, Nuno Ramos de Almeida, comentador da SIC, garantiu que há soluções que vão ter que ser encontradas e se não forem encontradas “daqui a seis meses, teremos novamente eleições”.
“Há uma mudança estrutural do ponto de vista parlamentar e do ponto de vista político. Nós não temos agora um Bloco de Esquerda e um bloco de direita que estão com capacidade de aliança nesses blocos. Temos um terceiro bloco, que é o Chega e, portanto, perante esta realidade, há duas hipóteses: a direita pode fazer como fez nas ilhas, um acordo de incidência parlamentar com o Chega, ou não o vai fazer porque considera que a ida do Chega para uma área do Governo é uma alteração estrutural que põe em causa alguns dos fundamentos da democracia, da igualdade e das pessoas nesta comunidade”, resumiu.
Quanto à opinião de Ricardo Costa, da SIC, “este tema governabilidade é curto para quem quer mobilizar votos”. Até que nem “Luís Montenegro, nem Pedro Nuno Santos estão ainda em condições. Podem vir a estar em condições e de repente focar todo o seu discurso na governabilidade”.
“Mas eles têm ainda muita gente para tentar convencer com outro tipo de políticas e outro tipo de coisas e outro tipo de conversa”, rematou.