Eleições Legislativas

Madeira: "É o momento para o Ministério Público apresentar um esclarecimento cabal sobre este modo de atuação"

Bruno Costa, analista de Ciência Política, avalia os últimos desenvolvimentos do processo de corrupção na Madeira e o desempenhos dos intervenientes nos debates políticos desta quarta-feira.

SIC Notícias

O frente a frente da última noite entre Pedro Nuno Santos e André Ventura foi marcado por fortes acusações e discordâncias na área da Justiça, Habitação, Saúde e Impostos. Na análise aos debates desta quarta-feira, Bruno Costa considera que André Ventura "conseguiu explanar um pouco melhor, embora de facto tenha muita dificuldade de explicar a parte financeira do seu programa político". Nos restantes frente a frente as notas positivas vão para Inês Sousa Real e Rui Rocha. O analista de Ciência Política avalia também os últimos desenvolvimentos do processo de corrupção na Madeira.

Esta quarta-feira foram conhecidas as medidas de coação para os suspeitos de corrupção na Madeira, com os três arguidos a saírem a liberdade. "Não podemos aceitar que a justiça funcione deste modo, ou seja, que tenhamos aqui pessoas coartadas da sua liberdade durante estas três semanas, com fortes acusações ou fortes indícios associados às acusações que estão em cima da da mesa para depois verificarmos aqui um esboroar completo da acusação", defende Bruno Costa.

O analista considera que a corrupção e estas investigações serão tema central da campanha e que “isto dá margem precisamente àqueles que contestam este modo de atuação da Justiça e que acusam a justiça de ter aqui um papel muito determinante na condução e no funcionamento do sistema político, a tal instrumentalização da política por parte da Justiça”.

Para Bruno Costa, "este é o momento também para o Ministério Público e para a Procuradoria-Geral da República apresentarem um esclarecimento cabal sobre este modo de atuação", abrindo espaço para "uma atuação mais cautelosa por parte do Presidente do Presidente da República, nomeadamente na intenção pré-apresentada de um cenário de eleições antecipadas, porque aquilo que verificamos é que, de facto, pelo menos este juiz considera que não há indícios, muito menos indícios fortes, dos crimes dos quais estão acusados".

Análise aos debates políticos

Nos três debates desta quarta-feira, Bruno Costa destaca os desempenhos de André Ventura, Inês Sousa Real e Rui Rocha.

"André Ventura conseguiu explanar um pouco melhor, ou pelo menos desmontar um pouco da responsabilidade de Pedro Nuno Santos relativamente aos últimos 8 anos da governação, embora de facto tenha muita dificuldade de explicar a parte financeira do seu programa político e, portanto, justificar como é que consegue pagar todas as medidas que são apresentadas, nomeadamente até por causa do cenário que estabelece ao nível do crescimento económico, entre 3 a 5%", refere o analista de Ciência Política.

Quanto a Pedro Nuno Santos, Bruno Costa aponta-lhe algumas dificuldades: "Já tínhamos verificado isso também um pouco na apresentação da candidatura, a secretário-geral do PS e nas apresentações públicas (...) isto está muito relacionado também com as expectativas, ou seja, Pedro Nuno Santos preparou-se durante muitos anos para estar neste lugar, as expectativas estavam naturalmente muito altas relativamente à sua capacidade de persuasão da retórica de apresentação de um conjunto de medidas".

No frente a frente entre Rui Tavares e Inês Sousa Real, Bruno Costa diz: "independentemente das sondagens, poderem estar a corresponder ou não a essa prestação parece-me que Inês Sousa Real se apresenta mais preparada (...) está mais à vontade, domina mais as causas que o PAN defende, nomeadamente a questão ambiental, a questão animal e muito centrada também nos direitos das mulheres".

Em relação ao debate entre Paulo Raimundo e Rui Rocha, nota muito positiva vai para este último, que demonstrou "capacidade de apresentar a visão da Iniciativa Liberal, os propósitos a as ideias, embora estes debates permitam precisamente mais isso, ou seja, havendo menos combate a havendo menos ruído, há maior disponibilidade para a apresentação de um modo de transição", defende o analista de Ciência Política.

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