Há 30 anos, em 1993, discutia-se pela primeira vez, no Parlamento, o Estado da Nação. E assim tem continuado.
Como está o país em 2023? Foi a discussão que marcou esta quinta-feira, antes de o Parlamento e os deputados irem de férias, e depois de um ano parlamentar marcado pelo regresso da inflação e pelo aumento do tom das contestações sociais, sejam nas áreas da justiça, educação ou saúde.
O Expresso analisou vários temas para fazer um balanço do estado da nação. O copo está meio cheio ou meio vazio? Eis o que mostram os números.
A economia portuguesa foi das que mais cresceu este ano, impulsionada pelo turismo. Em 2022 Portugal teve o maior crescimento da União Europeia e este ano parece estar a seguir os mesmos passos.
Ainda assim, este crescimento tem sido insuficiente para tirar Portugal dos últimos lugares da tabela no PIB per capita, indicador que mede a prosperidade e nível de vida da população e onde os resultados são bem menos animadores.
Portugal está em vigésima posição entre os 27 estados-membros da UE.
E continua a ser um dos países mais endividados desse grupo.
Depois de atingir recordes, a inflação já baixou para os 3,4%, o que significa que em média os preços pagos pelo consumidor ainda estão a crescer face ao ano passado, mas a um ritmo bem mais suave.
Quanto à demografia, Portugal regista uma taxa de natalidade baixa, aliás, são os emigrantes que estão a travar a perda de população em Portugal.
Há 42 anos que o número médio de filhos, por mulher, em Portugal, não é suficiente para assegurar a renovação das gerações.
Já o número de pessoas com emprego em Portugal está prestes a bater um recorde, pelo menos desde 2011. Mas as qualificações superiores perderam relevância: no último ano desapareceram do mercado de trabalho mais de 100 mil pessoas com ensino superior.
O salário médio em Portugal continua a ser dos mais baixos da Europa. Entre o final de 2019 e final de 2022, o salário médio por hora em Portugal cresceu 1,3% em termos reais, impulsionado pelo aumento do salário mínimo. Mas no primeiro trimestre de 2023 caiu 3,5% ao comparar com o mesmo período do ano passado.
No caso dos pensionistas, tiveram aumentos este ano, mas as reformas continuam a ser muito baixas para responder ao atual custo de vida do país.
E a habitação? Está em crise. Há falta de oferta e a que existe não vai ao encontro dos rendimentos dos portugueses.
O Governo respondeu com o programa Mais Habitação, cujas medidas pretendem atuar pelas diversas frentes, de forma a apoiar, em especial, as famílias mais carenciadas.
Por fim, os bancos estão cada vez mais rentáveis, beneficiando do aumento dos juros dos créditos. Ainda assim, a concessão de crédito está a abrandar, o que reduz a margem financeira.