Coronavírus

Levantamento das restrições e ajuntamentos criam “terreno fértil” para o vírus da gripe

Gustavo Tato Borges considera que o uso de máscaras nos espaços interiores é “perfeitamente adequado e deve ser obrigatório”.

O número de casos de gripe A tem registado uma subida nas últimas semanas, uma situação que acontece fora do período típico de maior incidência. Gustavo Tato Borges, presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, explica que este atraso está relacionado com as medidas de proteção contra a covid-19.

Não é tradicionalmente normal nesta altura estarmos a ter um excesso de procura dos serviços de urgências por caso de infeção respiratória aguda, porque eles acontecem em dezembro e janeiro”, explica em entrevista à SIC Notícias. “Este ano tivemos uma particularidade que foi a existência de medidas para o combate à pandemia que levam a uma menor capacidade de disseminação do vírus da gripe.”

Segundo o especialista, o levantamento de medidas, os ajuntamentos e contactos próximos entre pessoas fizeram “com que o vírus da gripe conseguisse arranjar terreno fértil para circular, numa altura em que ainda havia temperaturas relativamente baixas”. Destaca ainda que a maior incidência da gripe A é entre nos jovens entre os 10 e 30 anos.

Esta variante do vírus da estirpe A “circula naturalmente entre os humanos”, sendo “particularmente mais agressivo para os mais idosos e deixa os jovens terem uma doença mais ligeira”, prossegue Tato Borges. O especialista em saúde pública aconselha a quem apresente sintomas – febre, dores musculares, dores de cabeça, rinorreia ou tosse – que entre em contacto com o médico de família, solicite uma consulta aberta ou ligue para o SNS24.

Fim das máscaras, para quando?

Sobre o fim das máscaras, Gustavo Tato Borges sublinha que é preciso continuar a analisar a evolução epidemiológica da covid-19.

“Precisamos de perceber como está a evoluir, quais as faixas etárias que estão a ser mais afetadas e se isso traduz em mais mortalidade. Neste momento temos mortalidade acima do desejável e portanto, para já, o uso de máscaras nos espaços interiores é perfeitamente adequado e deve ser obrigatório”, afirma.

O especialista em saúde pública considera que as máscaras são um mecanismo de proteção que deverá manter-se em situações específicas, aconselhando as pessoas com idade mais avançada, que tenham comorbilidades ou que trabalhem junto de idosos a usar a máscara “de forma voluntária, mesmo que não seja obrigatória”.

Saiba mais:

Últimas