Coronavírus

Autoridades de saúde holandesas aconselham solteiros a escolher um parceiro sexual para a quarentena

Instituto Nacional Holandês de Saúde Pública e Meio Ambiente entende que "faz sentido que uma pessoa solteira também queira ter contacto físico".

(Arquivo)
Juan Gonzalez

Patrícia Bentes

Seksbuddy – a palavra não tem tradução em português. Um amigo colorido será o conceito que mais se aproxima. E é a recomendação oficial da Holanda para os homens e mulheres que não têm um parceiro sexual – encontrem um com quem possam estar em isolamento.

O conselho, do Instituto Nacional Holandês de Saúde Pública e Meio Ambiente (RIVM), surge depois de um coro de críticas às regras impostas pelo Governo, no combate á pandemia do novo coronavírus, que determinam que quem visita alguém se mantenha a 1,5 metros do anfitrião.

Num artigo de opinião, escrito no jornal Het Parool, Linda Duits, jornalista especializada em questões de género, criticou diretamente o RIVM, argumentando que o sexo era um direito humano.

"Proximidade e contacto físico não são um luxo, são necessidades básicas", escreveu Duits. "Se aprendemos alguma coisa com a epidemia de HIV, é que não fazer sexo não é uma opção."

As orientações oficiais passaram então a admitir um acordo entre dois “amigos”, de forma a satisfazer as duas partes.

Desde o dia 23 de março, o Governo holandês, sob orientação dos cientistas do RIVM, defendia o que dizia ser um “bloqueio inteligente”, que passava por permitir que cada casa pudesse receber até três visitantes, com as devidas distâncias.

Mais flexível, o conselho de cientistas admite agora que "faz sentido que uma pessoa solteira também queira ter contacto físico", avisando, porém, que os riscos dessa intimidade devem ser tidos em conta.

"Discuta a melhor maneira de fazer isso juntos", sugerem. “Por exemplo, encontre-se com a mesma pessoa para ter contacto físico ou sexual, desde que esteja livre de doenças. Faça um bom acordo com essa pessoa sobre com quantas outras pessoas contacta. Quanto mais pessoas vê, maior a probabilidade de (espalhar) o coronavírus. ”

Além dos solteiros, há outro grupo de pessoas que, por causa da pandemia, viu a sua vida sexual afetada: quem tiver uma relação com alguém infetado. E o RIVM também lhes dirigiu um apelo.

"Não faça sexo com o seu parceiro se ele estiver isolado por suspeitas de infeção por coronavírus", defende o Instituto Nacional Holandês de Saúde Pública.

E antes que surjam novas críticas à restrição, os conselheiros apresentam uma solução alternativa. “O sexo consigo mesmo, ou com outras pessoas à distância, é possível (pense em contar histórias eróticas, masturbarem-se juntos)”.

Últimas