Coronavírus

Argentina acusa Bolsonaro de falta de seriedade no combate ao novo coronavírus

Presidente "está muito preocupado com a situação do coronavírus no Brasil" porque a crise "pode cruzar a fronteira argentina".

ESTEBAN COLLAZO HANDOUT

Lusa

O Presidente argentino, Alberto Fernández, disse hoje que "está muito preocupado com a situação do coronavírus no Brasil" porque a crise "pode cruzar a fronteira argentina", já que "o governo brasileiro não está encarando o problema com seriedade".

"Preocupa-me muito a situação do Brasil porque não acho que o governo brasileiro esteja a enfrentar o problema com a seriedade que o caso requer. Digo isso, sinceramente", apontou Alberto Fernández, em entrevista com o canal de notícias C5N.

O Presidente argentino mostrou-se particularmente preocupado com a fronteira entre os dois países que, mesmo fechada à entrada de estrangeiros e até mesmo de argentinos, é atravessada incessantemente por veículos de transporte de carga.

"Tive uma conversa com todos os governadores por videoconferência. O governador de Misiones (província argentina na fronteira com os estados brasileiros de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) expôs com toda clareza a sua preocupação porque as províncias de Misiones e Corrientes (fronteira com o Rio Grande do Sul) são caminho de entrada de muitos camiões de carga que vêm de São Paulo, onde o foco de infecção é altíssimo", revelou o chefe de Estado.

Alberto Fernández disse que "gosta muito do povo brasileiro", mas que está preocupado porque "o vírus pode vir para a Argentina".

Enquanto a Argentina, com 45 milhões de habitantes, tem 3.892 contagiados e 192 mortes, o Brasil, com 220 milhões de habitantes, tem 61.888 contagiados e 4.205 mortes.

O Presidente argentino tem usado o mal desempenho do Brasil para valorizar o bom resultado da quarentena na Argentina.

No dia 10 de abril, por exemplo, ao anunciar a extensão da quarentena pela segunda vez, Alberto Fernández usou a rede nacional de rádio e TV para comparar a Argentina com o Brasil.

Na sua apresentação, disse que a Argentina tinha 1.975 contagiados enquanto o Brasil 19.638. A Argentina tinha 82 mortes enquanto o Brasil 1.056.

"E o Brasil tem cinco vezes a nossa população", diferenciou Fernández quem também comparou a porcentagem de contagiados e de mortos a cada 100 mil habitantes.

"A taxa de incidência da doença a cada 100 mil habitantes no Brasil é de 8,4. Na Argentina, 4,19", sinalizava num quadro em que a taxa de letalidade do Brasil aparecia com 5,27% e a da Argentina 4,2% a cada 100 mil habitantes. Atualmente, a taxa é de 4,9% no caso argentino e de 6,8% no caso brasileiro.

No Brasil, o Governo Federal deixou para os governadores dos estados a decisão sobre o isolamento social. O presidente Jair Bolsonaro é contra o isolamento enquanto os governadores dos principais estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, recomendam o isolamento. A taxa de cumprimento não supera 50% tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo, quando o ideal indicado pelas autoridades brasileiras é de, pelo menos, 70%.

Na Argentina, o isolamento é uma obrigação, a não ser para cerca de 50 atividades com funções excecionais. Fora esses grupos, aqueles que são pegos sem autorização são detidos e respondem a processo penal. O acatamento na Argentina foi de 95% entre 20 de março e 10 de abril e de 75% desde então porque o governo ampliou a lista de atividades excecionais.

No sábado, o presidente argentino anunciou a quarta fase do regime de isolamento social, obrigatório e preventivo que começa hoje. Enquanto os grandes centros urbanos vão manter o isolamento de forma estrita, as cidades com menos de 500 mil habitantes terão uma flexibilização.

Os municípios onde não houve registo de casos nos últimos dias poderão permitir que, por apenas uma hora diária, as pessoas possam sair de casa para atividades recreativas, mas não desportivas, num raio de 500 metros do seu domicílio.

Mais de 200 mil mortos e 3 milhões de infetados pelo novo coronavírus em todo mundo

A pandemia de covid-19 já matou 206.567 mil pessoas e infetou 2.961.540 em 193 países desde que surgiu em dezembro na China, segundo um balanço da AFP às 11:00, a partir de dados oficiais.

Pelo menos 809.400 foram consideradas curadas pelas autoridades de saúde.

Os Estados Unidos, que registaram a primeira morte ligada ao coronavírus no final de fevereiro, lideram em número de mortos e casos, com 54.877 e 965.933, respetivamente.

Pelo menos 107.045 pessoas foram declaradas curadas pelas autoridades de saúde nos Estados Unidos.

Depois dos Estados Unidos, os países mais afetados são Itália, com 26.644 mortos para 197.675 casos, Espanha com 23.521 óbitos (209.465 casos), França com 22.856 mortos (162.100 casos) e Reino Unido com 20.732 óbitos (152.840 casos).

A China (excluindo os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia começou em dezembro, contabilizou 82.830 casos (três novos entre domingo e hoje), incluindo 4.633 mortos (uma nova) e 77.474 curados.

Até às 11:00 de hoje, foram registados na Europa 124.759 mortos para 1.379.443 casos, nos Estados Unidos e Canadá 57.513 mortos (1.012.573 casos), na América Latina e Caraíbas 8.292 mortos (169.174 casos), na Ásia 8.077 mortos (204.217 casos), no Médio Oriente 6.392 mortos (156.097 casos), em África 1.425 mortos (32.015 casos) e na Oceânia 109 mortos (8.023 casos).

Mais 25 mortes e 163 casos de Covid-19 em Portugal

A Direção-Geral da Saúde (DGS) anunciou esta segunda-feira a existência de 928 mortes e 24.027 casos de Covid-19 em Portugal.

O número de óbitos subiu, de ontem para hoje, de 903 para 928, mais 25, enquanto o número de infetados aumentou de 23.864 para 24.027, mais 163, o que representa um aumento de 0,68%.

O número de casos recuperados subiu de 1.329 para 1.357.

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