Coronavírus

Países devem gastar "tanto quanto puderem" mas "guardar recibo", diz FMI

A responsável da instituição apelou também para que os países se preparem para a recuperação.

Mike Theiler

Lusa

A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, disse hoje aos países para "gastarem tanto quanto puderem" nas medidas de combate à covid-19, mas "guardarem recibo" e prepararem a retoma.

"O que vimos foram os bancos centrais a providenciar liquidez ampla. Oito biliões de dólares [cerca de 7,3 biliões de euros] de medidas orçamentais. Portanto, a nossa mensagem é: gastem tanto quanto puderem, mas guardem os recibos. Não queremos que a contabilidade e a transparência sejam relegadas nesta crise", disse Kristalina Georgieva numa teleconferência de imprensa do FMI sobre as Perspetivas Económicas Mundiais.

A diretora-geral do FMI pediu para se assegurar que "os apoios para as famílias e empresas existam durante estes meses de economia parada", sendo medidas como transferências de dinheiro, apoios aos crédito ou mudança de condições do serviço da dívida "todas importantes para assegurar que o sistema financeiro continua a funcionar".

A responsável máxima pela instituição sediada em Washington apelou também para que os países se preparem para a recuperação.

"Trabalhem com os profissionais de saúde para saber como é que uma reabertura pode acontecer da melhor forma. Estejam também preparados para estímulos orçamentais quando for tempo, quando a procura aumentar e a economia voltar", apelou a economista búlgara.

Kristalina Georgieva fez ainda referência aos desafios futuros, na fase de recuperação "do outro lado desta crise", como "níveis de dívida elevados, falências, desemprego e aumento da desigualdade", apelando à tomada de medidas "agora" para contrariar tais cenários.

Para o FMI, "tudo está em cima da mesa" em termos de apoio aos países, enfatizou a diretora-geral, garantindo que para já a instituição "está a fazer tudo o que pode com os recursos que tem".

"A Europa é particularmente afetada, (...). É um momento para a solidariedade europeia"

Relativamente ao contexto europeu e às medidas já anunciadas no continente, a responsável disse que se está a assistir "a uma tremenda mobilização entre o Banco Central Europeu (BCE), os governos europeus e as instituições europeias" na resposta à crise da covid-19.

"A Europa é particularmente afetada, as projeções para o próximo ano são sombrias, e, ao mesmo tempo, [as instituições] estão a ir para a frente com tudo o que têm para lutar contra a crise. É um momento para a solidariedade europeia e é isso que os cidadãos europeus esperam dos seus governos e das suas instituições", salientou a responsável búlgara.

Kristalina Georgieva saudou ainda o acordo do G20 quanto à suspensão temporária, por 12 meses, do pagamento de dívidas por parte dos países mais pobres.

A economia da zona euro deverá ter uma recessão de 7,5% este ano, de acordo com o FMI, recuperando depois para um crescimento de 4,7%, e a taxa de desemprego agregada dos 19 países deverá subir dos 7,6% para os 10,4%, descendo depois para os 8,9% em 2021.

O FMI prevê ainda que a economia mundial tenha uma recessão de 3% em 2020, fruto do apelidado “Grande Confinamento” devido à pandemia de covid-19.

Quase 127 mil mortos e mais de 2 milhões de infetados em todo o mundo

A pandemia da covid-19 matou pelo menos 126.898 pessoas em todo o mundo e há pelo menos 2.001.200 casos de infeção em 193 países desde que surgiu em dezembro na China.

Pelo menos 428.100 doentes foram considerados curados pelas autoridades de saúde.

Os Estados Unidos, que registaram a primeira morte ligada ao coronavírus no final de fevereiro, lideram em número de mortes e casos, com 26.059 mortes para 609.516 casos.

Pelo menos 44.364 pessoas foram declaradas curadas.

Depois dos Estados Unidos, os países mais afetados são Itália, com 21.067 mortes por 162.488 casos, Espanha com 18.579 mortes (177.633 casos), França com 15.729 mortes (143.303 casos) e Reino Unido com 12.107 mortos (93.873 casos).

A China (sem os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia começou no final de dezembro, contabilizou 82.295 casos (46 novos entre terça-feira e hoje), incluindo 3.342 mortes (uma nova) e 77.738 curados.

Até às 11:00 de hoje, a Europa totalizou 85.272 mortes para 1.010.896 casos, Estados Unidos e Canadá 26.983 mortes (636.413 casos), Ásia 5.218 mortes (147.564 casos) e Médio Oriente 5.135 mortes (108.791 casos), América Latina e Caraíbas 3.343 óbitos (73.673 casos), África 869 óbitos (16.215 casos) e Oceânia 78 óbitos (7.652 casos).

599 mortos e mais de 18 mil casos de Covid-19 em Portugal

A Direção-Geral da Saúde (DGS) anunciou esta quarta-feira a existência de 599 mortes e 18.091 casos de Covid-19 em Portugal.

O número de óbitos subiu, de ontem para hoje, de 567 para 599, mais 32 (uma subida de 5,6%), enquanto o número de infetados aumentou de 17.448 para 18.091, mais 643, o que representa um aumento de 3,7%.

O número de casos recuperados subiu de 347 para 383.

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