Marcelo decretou a emergência.
Nada que não fosse previsível.
Já dei a minha opinião.
Entendo a decisão de quem nos governa, tomada com ponderação e com o sentido de Estado que o momento exige.
O Governo tem, agora, poderes amplos para tomar decisões.
A democracia não está suspensa, como disse Marcelo, é a democracia a tentar travar a pandemia.
Estamos confinados, em casa, a aprender novas rotinas nesta estranha forma de vida.
Que começa hoje e não sabemos quando acaba.
Temos medo, angústia e ansiedade;
Temos dúvidas, incerteza e desconhecido.
Mas não só.
Temos muito mais,
Temo-nos uns aos outros.
Temos a tecnologia, que nos aproxima e nos faz parecer perto.
E podemos ver-nos sem sair de casa.
Temos as notícias.
Temos o comando.
Temos a liberdade individual do pensamento, que será sempre o último reduto de cada um de nós.
Há mais de 30 anos, li um livro, notável.
«Le silence de la mer».
Escrito por um francês durante a ocupação nazi.
Relata a história de um oficial alemão que fica a viver numa casa, em França.
Os donos da casa, franceses, resolveram resistir com o silêncio.
Durante o período em que «partilhou» a casa com os franceses, estes nunca lhe dirigiram a palavra.
Nem uma.
Nunca.
O oficial fazia monólogos pela casa, na esperança de provocar a quebra do silêncio.
Nunca o conseguiu.
Pior que uma quarentena ou um isolamento, seria o silêncio.
Estamos fechados.
Mas temos a palavra.