Não! Esta foi a resposta de Dietmar Hopp ao presidente norte-americano Donald Trump que pretendia a exclusividade na comercialização da vacina. O empresário alemão integra a lista das pessoas mais ricas do mundo, segundo a revista Forbes, com uma fortuna avaliada em cerca de 16 mil milhões de euros.
O nome de Dietmar Hopp pode não dizer muito à maioria dos portugueses. O presidente do clube alemão Hoffenheim foi há duas semanas o centro das atenções no futebol alemão. Mas já lá vamos.
Quem é Dietmar Hopp?
Nasceu em Wüttemberg, no sul da Alemanha a 26 de abril de 1940. Filho de um sargento das forças paramilitares do partido nazi, Hopp foi estudante de engenharia de telecomunicações e desempenhou funções de consultor da empresa multinacional IBM. Co-fundador da SAP AG (de software informático), teve um papel fundamental para torná-la na terceira maior empresa de informática do mundo.
Dono de várias empresas, Hopp lidera uma biofarmacêutica sediada em Tübigen, na Alemanha. A CureVac desenvolve vacinas para doenças infecciosas e medicamentos para tratamento do cancro e de outras doenças raras. Atualmente a prioridade da empresa passa por encontrar a cura para o coronavírus em coordenação com um laboratório ligado ao governo alemão.
Nos últimos dias, a imprensa alemã denunciou várias iniciativas da administração de Donald Trump para comprar a CureVac para que os Estados Unidos ficassem com a exclusividade na comercialização da vacina. Dietmar Hopp foi direto na resposta : “não estamos à venda”.
O jornal Der Spiegel vai mais longe e garante que o episódio abriu uma ferida nas relações políticas e institucionais entre a Alemanha e os Estados Unidos.
Ligação ao Futebol
Hopp nunca escondeu a paixão pelo futebol. Depois de ter jogado no modesto Hoffenheim foi como dirigente que conduziu o clube para os grandes palcos do futebol alemão. O forte investimento permitiu à equipa subir dos campeonatos regionais até ao principal escalão (Bundesliga) e à Liga dos Campeões.
Em dez anos, a partir de 2008, o Hoffenheim deu o salto para a ribalta. O estádio atual do clube (Rhein-Neckar Arena) tem capacidade para receber todos os habitantes da pequena cidade com 30 mil habitantes. A lotação é de 30150 lugares.
Homem “mais odiado" do futebol alemão
Há pouco mais de duas semanas o nome de Dietmar Hopp deu que falar. A 29 de fevereiro deste ano, o Hoffenheim recebeu o Bayern Munique para o campeonato. O jogo foi interrompido pelo árbitro, duas vezes, por causa dos insultos dos adeptos do Bayern, com tarjas e cânticos contra o dono do Hoffenheim.
Os jogadores bávaros e o presidente-executivo, Karl-Heinz Rummenigge, tentaram convencer os adeptos a pararem os insultos, sem sucesso. O Bayern Munique resolveu ser solidário com Hopp e nos últimos 12 minutos do encontro os jogadores das duas equipas limitaram-se a trocar a bola entre si numa altura em que o Bayern Munique já vencia por 6-0. Esse foi o resultado final.
Mas porquê os insultos?
Alguns adeptos de Bayern Munique (e de outros clubes que também já tinham protestado contra o líder do Hoffenheim), entendem que os clubes são dos sócios e não devem ser detidos por magnatas.
A Liga alemã existe a regra “50+1”, ou seja, determina que a maioria do capital pertença ao clube, através dos sócios. O problema é que a própria Bundesliga abriu uma exceção para o caso do Hoffenheim…
A ligação de algumas empresas multinacionais aos clubes na Alemanha não é de agora, mas o tom da contestação a Dietmar Hopp obriga a que, pelo menos, sejam repensadas as regras do jogo.
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