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Bullying: os fatores de risco a que os pais devem estar atentos

As crianças fazem o que nós fazemos, e não o que nós dizemos, por isso falar de bullying é um assunto para todos.

Margarida Graça Santos

Portugal é o 15.º pais com mais relatos de bullying na Europa e estima-se que aproximadamente uma em cada três crianças em todo o mundo seja vítima de bullying.

Para lhe darmos este nome não basta ser um ato isolado ou um desentendimento entre duas pessoas. Implica que haja a intenção de provocar mal-estar, que seja repetido ao longo do tempo e que haja um desequilíbrio de poder ou força. E se está a pensar: “Ah, isso no meu tempo já existia, só não tinha esse nome, e não morreu ninguém, até nos tornou mais fortes”, saiba que a violência não torna ninguém mais resiliente. Antes pelo contrário. Crescer num ambiente tóxico, em que se é frequentemente insultado ou posto de parte, torna muito mais difícil ter uma vida adulta saudável.

Fatores de risco

Qualquer pessoa pode ser vítima de bullying, mas alguns fatores de risco incluem: ser introvertido, ter uma baixa autoestima, ser visto como diferente pelos outros ou pertencer a uma minoria. Talvez por isto mais de 60% das vítimas não denuncie o agressor e quem o faz demora habitualmente mais de um ano a fazer a denúncia. Em muitos casos, ficam em silêncio, com medo de novas agressões, por culpa ou vergonha ou por acharem que ninguém vai ajudar.

O bullying não afeta só as vítimas e tratar mal os outros é um comportamento aprendido, que grande parte das vezes vem de um lugar de sofrimento e revela necessidade de ajuda. O agressor pode sentir-se poderoso no momento, mas estudos mostram que, a longo prazo, experienciam mais adversidades, com maior taxa de desemprego e dificuldade em manter relacionamentos saudáveis.

Estudos revelam também que crianças e adolescentes expostos a violência na televisão ou videojogos, têm maior risco de ter atitudes agressivas. E é importante dizer que a agressividade não é só física. Insultar, ameaçar, usar alcunhas depreciativas, ou mesmo espalhar boatos ou fazer com que alguém se sinta rejeitado também é bullying e têm efeitos negativos a curto e longo prazo.

Se quer saber mais sobre o assunto ou perceber se o seu filho pode ser vítima de bullying leia este artigo para ter acesso a alguns recursos úteis feitos pela Ordem dos Psicólogos sobre este tema e lembre-se do mais importante: as crianças fazem o que nós fazemos, e não o que dizemos.

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