Caso Maddie

Os suspeitos do caso Maddie

Numa altura em que se assinalam 10 anos do desaparecimento de Madeleine McCann, fazemos uma retrospetiva de um dos casos mais mediáticos de sempre em Portugal. Neste artigo, recordamos os muitos suspeitos já associados ao desaparecimento da criança britânica, naquela noite de 3 de maio de 2007.

André de Jesus

Ao longo dos últimos anos, e com maior incidência nos primeiros meses de investigação, foram muitos os suspeitos e várias as detenções feitas no âmbito do desaparecimento de Maddie.

Apesar de, por mais do que uma vez, as suspeitas terem recaído sobre os pais, Kate e Gerry não foram os únicos alvos das autoridades portuguesas e britânicas.

AS PRIMEIRAS PISTAS

As buscas por Maddie trouxeram as primeiras conclusões de relevo oito dias após o desaparecimento. Depois de uma revista detalhada por todos os apartamentos vizinhos do local onde estava a criança, os cães pisteiros encontraram um rasto da menina entre o quarto onde dormia e o apartamento de outro casal inglês.

O casal suspeito teria abandonado o aldeamento na mesma altura em que Maddie desaparecera. Foram detidos mas acabaram por sair em liberdade.

O PRIMEIRO ARGUIDO

Desde o dia do desaparecimento de Maddie, Robert Murat mostrou-se sempre muito prestável, tanto com os jornalistas como com as autoridades.

A constante presença do cidadão de nacionalidade britânica, com casa a cerca de 100 metros do apartamento onde estava a família McCann, contribuiu para que surgissem as suspeitas.

Murat, que tinha na altura 35 anos, foi constituído arguido depois de ter sido interrogado durante várias horas pela PJ e de a sua casa ter sido alvo de buscas. Ainda assim, amigos e vizinhos do britânico diziam não acreditar no seu envolvimento no caso. É também afastado da filha, que tinha a mesma idade de Maddie.

Voltou a ser interrogado dois meses depois do desaparecimento e, em outubro, quebra o silêncio pela primeira vez, com uma entrevista à BBC em que fala em cinco meses "muito difíceis" e revela a frustração por não poder falar sobre o processo.

Com o arquivamento do caso, em julho de 2008, Murat perde o estatuto de arguido. Cinco anos mais tarde, o processo é reaberto e, em dezembro de 2014, volta a ser interrogado pela PJ, mas na qualidade de testemunha.

UM PEDÓFILO COM (E SEM) ÁLIBI

Em maio de 2009, dois anos após o desaparecimento, um pedófilo britânico é considerado suspeito no caso pois encontrava-se no Algarve na mesma altura. A informação é avançada pela imprensa britânica.

Raymond Hewlett, de 64 anos, estava alegadamente a viver em Tavira, a cerca de uma hora da Praia da Luz, na data do desaparecimento de Maddie.

É também a imprensa britânica que revela "um passado conhecido de ataques a meninas que remonta a 1972", quando o ex-soldado foi condenado por abusos a uma rapariga de 12 anos.

Um ano depois, quebra o silêncio numa entrevista ao jornal Sunday Mirror, na qual revela que se recusa a apresentar um álibi para a noite do desaparecimento, mas nega ter morto Maddie.

Hewlett confirma que "há uma uma pessoa que pode dizer" onde estava naquele 3 de maio de 2007, mas reitera que não a quer trazer para o caso.

As suspeitas não ganham contornos judiciais e o homem acabou por morrer ainda em 2010, vítima de um cancro na garganta.

O RETRATO DE UM NOVO SUSPEITO

Em outubro de 2013, após a reabertura do processo, a polícia britânica divulgou dois retratos robô de um homem que considera prioritário identificar no âmbito da investigação.

A divulgação dos retratos acaba por não abrir a caminho a avanços consideráveis na investigação.

SEM SAIR DO OCEAN CLUB

Em março de 2014, as autoridades acreditam ter dado um passo decisivo no desfecho do caso, com a identificação de Euclides Monteiro, um antigo funcionário do Ocean Club - o resort de onde Maddie desapareceu -, que falecera em 2010.

Os investigadores acreditam que o homem poderá ser o elo de ligação com os cinco casos de agressão sexual que envolveram crianças estrangeiras de férias no Algarve, em 2004, e com o desaparecimento de Maddie.

Numa entrevista à SIC, a irmã de Euclides, Paula Batista, sai em defesa do novo suspeito e pede que a investigação deixe tudo esclarecido.

SEM FIM À VISTA

Com a existência de dois processos judiciais - o português e o britânico -, os últimos interrogatórios com relativo relevo para a investigação acontecem em julho de 2014.

Quatro arguidos do processo no Reino Unido e 11 testemunhas são interrogados pela PJ de Faro, no âmbito da cooperação judiciária. As inquirições são acompanhadas por elementos da Scotland Yard e acontecem paralelamente a novas buscas na zona da Praia da Luz.

Mais de 3.600 dias depois do desaparecimento, o caso continua a atrair a atenção da imprensa internacional, mas a pergunta das perguntas continua sem resposta: o que aconteceu, afinal, a Madeleine McCann?

Últimas