Alterações Climáticas

Tuvalu está a desaparecer, mas país vai ser recriado no metaverso

Tuvalu poderá ficar debaixo de água até 2050. O país não tem, por isso, escolha, a não ser tornar-se "a primeira nação digital do mundo". Uma réplica virtual no metaverso, onde existirá para sempre.

Carolina Botelho Pinto

Tuvalu está a desaparecer. As estimativas mais recentes da NASA indicam que grande parte do território desta nação da Oceania vai ficar debaixo do nível do mar até 2050. Sim, leu bem. Daqui a apenas 26 anos Tuvalu poderá estar inabitável.

O arquipélago tem estudado todas as possibilidades para preservar território face à subida do nível da água, mas travar uma mudança provocada pelas alterações climáticas tem-se provado extremamente difícil.

A esperança pode estar na tecnologia. É que, de forma a preservar valores e tradições, está a ser construída uma cópia virtual do país no metaverso. Uma réplica para as gerações futuras.

“Não temos escolha se não tornarmo-nos a primeira nação digital do mundo”. Foi assim que, em 2022, Simon Kofe, ministro dos Negócios Estrangeiros de Tuvalu, mostrou na COP27 a primeira parte digitalizada do país.

“A nossa terra, o nosso oceano e a nossa cultura são os valores mais preciosos para o nosso povo. Para os mantermos seguros, independentemente do que aconteça no mundo físico, vamos movê-los para uma nuvem [cloud]. Vamos recriar as ilhas virtualmente e mostrar às nossas crianças e filhos o que um dia foi a nossa casa”, disse.

Para além de uma cópia física do território, os cidadãos de Tuvalu poderão submeter os seus bens mais preciosos para serem digitalizados e ficarem, para sempre, preservados online. O Governo também quer manter a sua soberania no mundo virtual. Para isso, quer criar passaportes digitais, de forma a realizar eleições e referendos.

Até desaparecer (fisicamente) Tuvalu tem pela frente dias negros

A previsão da NASA aponta para 2050, mas, até lá, todos os cenários apontam para que o país enfrente - todos os anos - mais de 100 dias de cheias. Também é esperado um aumento de intensidade dos ciclones e das ondas de calor.

Para fazer face a estes fenómenos, Tuvalu assinou um acordo com a Austrália em 2023 que permite a migração anual de 280 cidadãos. Receberão vistos que lhes vão permitir viver, estudar e trabalhar na Austrália.

Em 2021, na COP26, Simon Kofe também gravou um vídeo impactante, que correu o mundo. De fato e gravata, arregaçou as calças até aos joelhos para entrar no mar e falar sobre as consequências do aumento do nível da água do mar.

Tudo aponta para que o arquipélago de Tuvalu seja a primeira nação a existir no metaverso, mas arrisca também ser a primeira a desaparecer com o aumento do nível do mar. 2050 aproxima-se a passos rápidos e o relógio continua a contar.

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