É uma equipa de investigadores do MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da Universidade de Évora, que está a monitorizar a migração do salmão. Uma “armadilha” foi montada no rio Mouro, um afluente do Minho. É lá que o salmão do Atlântico regressa depois de fazer quilómetros para desovar no mesmo local onde nasceu e depois aos dois, três anos vai para o mar.
Para onde? Para a “zona norte do Atlântico, junto à Islândia, Gronelândia”. Por lá está “um/dois anos a alimentar-se e como espécie anádroma regressa ao rio para desovar, e o ciclo continua dessa forma”, explicou à SIC o investigador Carlos Alexandre.
Na “armadilha” caiu um dos salmões que está já pronto para ir para o mar. Isso percebe-se pela cor do peixe: “São mais prateados, acabam até por ser um pouco mais magros, nota-se que precisam de migrar para se alimentarem, para crescerem”, refere a investigadora Sara Silva.
Depois de capturados e antes de serem devolvidos ao rio, os exemplares são estudados, “medidos, pesados, marcados com um chip para que em caso de recaptura conseguirmos identificá-los”.
Os rios Minho e Lima são o limite geográfico desta espécie a sul. Pelo que, é importante conhecer melhor o salmão do Atlântico para otimizar as medidas de gestão e proteção em Portugal e a nível internacional
“Com o fenómeno das alterações climáticas é provável que a situação que estamos a viver neste momento na Península Ibérica, daqui a uns anos se venha a verificar nos ecossistemas aquáticos mais a norte na Europa. É importante saber como é que estas populações se estão a adaptar para prevermos como no futuro podem também responder”, destaca o investigador Carlos Alexandre.
A gestão da pesca da espécie na bacia do Minho é mais complicada. Primeiro porque envolve os dois países. Portugal e Espanha e depois porque os salmões estão a subir o rio para a desova. “Regressam com cinco/dez quilos interessantes para a pesca recreativa [mas] numa fase fundamental do seu ciclo de vida”. Por isso, a pesca recreativa “é uma das principais ameaças à continuidade destas populações”.
A parceria com os pescadores é também bastante importante para os investigadores do MARE. Neste momento estima-se que existam em Portugal cerca de 200 indivíduos adultos. Porém, o salmão está classificado em Portugal como uma espécie criticamente em perigo, ou seja, muito perto da extinção.