Além Fronteiras

"Os jogadores portugueses nunca tiraram tantas 'selfies' como na Polónia"

Há cada vez mais jogadores portugueses na Polónia — e muitos são tratados como estrelas — um país onde "os estádios estão sempre cheios" e "as pessoas gostam muito de futebol". Neste episódio do Além Fronteiras, o treinador João Henriques fala também das dificuldades: desde o frio, que por vezes o impediu de falar, até ao dia em que pensou ter enfrentado uma equipa de basquetebol.

Nuno Luz

Daniel Pascoal

Gabriel Pato

Entre os gigantes polacos, numa terra onde o frio é muitas vezes um obstáculo, são cada vez mais os portugueses a chegarem para viver do futebol. É o caso de João Henriques, treinador do Radomiak Radom, que, neste Além Fronteiras, se mostra rendido aos adeptos do país.

"Aqui os estádios estão sempre cheios, mesmo que seja o último a jogar com o penúltimo. Estamos a falar de estádios com 20, 30, 40 mil pessoas. Infelizmente, isso não acontece em Portugal."

O técnico de 52 anos, que já passou por clubes como Marítimo, Moreirense, Vitória de Guimarães, Santa Clara e Paços de Ferreira, chegou à Polónia em janeiro para substituir o compatriota Bruno Baltazar, após uma experiência nos eslovenos do Olimpija Ljubljana.

No Radomiak, João Henriques orienta quatro portugueses: Paulo Henrique, Bruno Jordão, Francisco Ramos e Rafael Barbosa. O melhor jogador da Liga polaca na época passada também vem de terras lusas: Afonso Sousa, do Lech Poznań. Muitos são tratados como estrelas.

"Os adeptos são muito calorosos. Os jogadores portugueses dizem que nunca tiraram tantas ‘selfies’ e deram tantos autógrafos como aqui. As pessoas gostam muito do jogo", diz João Henriques.

"Chegamos a treinar com 15 graus negativos, nem conseguíamos falar"

O "ambiente fantástico" que encontra nos estádios contrasta com as dificuldades de adaptação a um país em que as temperaturas negativas são o habitual durante o inverno.

"Havia muita neve. Tivemos treinos com 15 graus negativos. Nem conseguíamos falar, com as articulações congeladas", recorda o treinador português, que salienta outra diferença entre a Polónia e Portugal.

Segundo João Henriques, o jogador português passa por um período de adaptação à fisicalidade do campeonato local, que tem atletas mais altos, fortes e um jogo mais direto do que o habitual na Liga portuguesa.

"Enfrentei, na semana passada, uma equipa em que o jogador mais baixo tinha 1,87 m. Parecia uma equipa de basquetebol. É um jogo muito físico, com muita bola parada. Lançamentos de linha lateral são como cantos."

No 13.º lugar, João Henriques está a cumprir o objetivo do Radomiak de permanecer na primeira divisão: "Há interesse do clube em renovar. Vamos conversar", afirma o treinador português.

Últimas