Acidente no Elevador da Glória

Elevador da Glória: Moedas convoca reunião extraordinária sobre acidente para o dia a seguir às eleições

Em causa está um requerimento apresentado no domingo pelo PS, que junta também Livre, BE e Cidadãos por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), para uma reunião extraordinária.

MIGUEL A. LOPES

SIC Notícias

Lusa

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), recusou esta segunda-feira o pedido da oposição para uma reunião extraordinária na quinta-feira sobre a tragédia do elevador da Glória, decidindo agendá-la para 13 de outubro, dia seguinte às eleições autárquicas.

"A data agendada é a data mais cedo possível para não partidarizar um tema que deve merecer todos os esclarecimentos técnicos, como assim tem sido feito", afirmou Carlos Moedas (PSD), em resposta escrita à agência Lusa.

Em causa está um requerimento apresentado no domingo pelo PS, que junta também Livre, BE e Cidadãos por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), para uma reunião extraordinária na quinta-feira, 25 de setembro, para obter "esclarecimentos sobre falsidades, omissões e incongruências" no âmbito do acidente do ascensor da Glória.

"O PS viu na tragédia do elevador da Glória uma oportunidade para tentar politizar e ganhar votos. Só isso justifica o pedido apressado para uma terceira reunião sobre o tema, em menos de três semanas!", considerou o social-democrata Carlos Moedas, que se recandidata a segundo mandato nas eleições autárquicas de 12 de outubro.

O elevador da Glória, em Lisboa, sob gestão da empresa municipal Carris, descarrilou no dia 03 de setembro, num acidente que provocou 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.

Num edital publicado esta segunda-feira no 'site' do município, o presidente da câmara comunicou a convocação de uma reunião extraordinária para 13 de outubro, às 16:00, tendo como ponto único a atualização das informações sobre o acidente com o ascensor da Glória.

"Nas duas reuniões já realizadas, uma delas em exclusivo com a administração da Carris, os senhores vereadores tiveram a oportunidade de questionar e pedir todas as informações que quiseram sobre o tema. Não percebemos o sentido deste pedido do PS, para além da questão de um eventual aproveitamento político", expressou Carlos Moedas.

A este propósito, o presidente da câmara reforçou que todos os dados e elementos sobre o acidente com o elevador da Glória estão a ser objeto de investigação pelas autoridades e inspeções competentes, como desde a primeira hora foi solicitado.

"Continuamos totalmente disponíveis para esclarecer os lisboetas", expôs.

O pedido do PS, subscrito também por Livre, BE e Cidadãos por Lisboa, para uma reunião extraordinária surgiu na sequência de duas reportagens da comunicação social, em que está em causa, nomeadamente, a "ocorrência de dois acidentes anteriores --- em outubro de 2024 e maio de 2025 --- que foram publicamente negados pelo presidente do Conselho de Administração (CA) da Carris e pelo vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, mas que a própria Carris veio agora confirmar".

Também o PCP considerou que há informações contraditórias quanto ao apuramento de responsabilidades sobre o acidente com o elevador da Glória e exigiu "o cabal esclarecimento" por parte do presidente da autarquia, inclusive sobre o concurso público lançado em 2022, "face ao preço anormalmente baixo apresentado pela empresa MNTC, Lda., que veio a ganhar o concurso para a execução de trabalhos de manutenção dos ascensores e elevador operados pela Carris".

De acordo com o PCP, as recentes reportagens televisivas testemunham, contrariando o que foi afirmado e garantido pelo presidente da câmara e pelo CA da Carris, "a existência de evidências, inclusivamente documentais, que provam a apresentação, em momentos oportunos, de fundamentados alertas por parte de organizações representativas dos trabalhadores da Carris sobre um deficiente funcionamento de sistemas de segurança do elevador", suscitando questões sobre a qualidade da manutenção efetuada.

Assim, os vereadores comunistas propuseram uma audição dos representantes das organizações representativas dos trabalhadores, uma nova audição do CA da Carris, para "clarificar as contradições" relativamente a aspetos do processo de manutenção, e uma audição com membros do anterior CA sobre as opções tomadas em concursos anteriores a 2022.

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