Economia

Crise no setor têxtil português: à quebra no consumo somam-se os produtos chineses que inundam a Europa

O setor têxtil volta a enfrentar dificuldades, com despedimentos e fábricas a fechar portas. Este ano, a situação agravou-se e os tribunais estão a receber cada vez mais processos de empresas à procura de apoio para sobreviver.

SIC Notícias

Sem salário de agosto, sem subsídio de férias, com uma carta de despedimento, mas ainda sem acesso à prestação de desemprego, 274 pessoas debatem-se diariamente com o drama de não saberem como vão pôr comida na mesa para a família. Eram, até agora, trabalhadores da Polopiqué, em Santo Tirso. Depois das férias a gigante do têxtil anunciou o fecho de duas unidades de confeção de vestuário e tecelagem.

O drama social na Polopiqué é uma consequência dos problemas financeiros da empresa. Em causa está a necessidade de reestruturação da dívida e de concentrar o negócio nas unidades com maior rendimento.

Desde o início de setembro, tempo tradicionalmente de regresso ao trabalho no têxtil, várias empresas do setor anunciaram processos de reestruturação ou até mesmo encerramentos.

Foi o que aconteceu, por exemplo, com a Têxtil Passos, no Porto. Trinta mulheres voltaram de férias e encontraram as portas da fábrica fechadas.

A verdade é que o setor têxtil vive momentos complicados desde a pandemia. À quebra no consumo, ou seja, na procura, somam-se os problemas na oferta, neste caso, por causa dos produtos chineses que inundaram a Europa.

As associações pedem medidas urgentes à União Europeia, que acusam de estar a adiar uma questão que pode afundar o têxtil nacional.

Entretanto, nos tribunais, os processos especiais de revitalização tentam adiar o problema. Foi o que fez a StampDyeing, por exemplo. A empresa tinha o trabalho suspenso desde finais de junho devido ao corte de gás por falhas no pagamento.

Entre janeiro e junho de 2025, as exportações do setor têxtil e vestuário totalizaram 2,79 mil milhões de euros, uma queda de 1,3% face a igual período de 2024, que já tinha registado um recuo de 3,9% face ao ano anterior.

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