Economia

Finanças querem passar a usar inteligência artificial para inspecionar contribuintes

Com a nova ferramenta, deverão ser analisados, por exemplo, dados de transações financeira, para identificar padrões de comportamentos de evasão fiscal.

João Faiões

João Tuna

A Autoridade Tributária e Aduaneira tenciona utilizar a inteligência artificial para inspecionar os contribuintes. Com esta ferramenta, o escrutínio passa a ser determinado com base em dados de transações financeiras, permitindo chegar a mais contribuintes.

A intenção foi anunciada pela secretária de Estado dos Assuntos Fiscais, esta quarta-feira, no Parlamento. A ideia do Governo é recorrer à inteligência artificial para selecionar os contribuintes e as situações a inspecionar.

“Cruzar muita informação de uma forma muito rápida permitindo a quem tem de olhar para esses dados ter acesso a conclusões sumárias prévias, que seriam incompatíveis para um ser humano num tão curto espaço de tempo”, explica o fiscalista Luís Leon.

Com esta ferramenta, as auditorias passam a ser determinadas com base na análise de informação interna e externa, como, por exemplo, dados de transações financeiras e identificação de padrões de comportamentos de evasão fiscal.

Alarga inspeções, mas traz riscos

As grandes empresas já são escrutinadas regularmente. Com a inteligência artificial, vai ser possível alargar o universo inspetivo.

“Poderão trazer outros contribuintes menores para a zona do escrutínio, poderá ser importante para detetar situações de fraude”, nota Luís Leon.

Mas este processo, alerta o fiscalista, também tem riscos. “É difícil colocarmos a máquina da Autoridade Tributária a olhar para papéis e para documentos, para comprovar que aquilo que os sistemasproduziram não corresponde à verdade”, afirma Luís Leon.

"A máquina também se engana, porque houve um utilizador qualquer que pôs um dado errado. Esse é o maior risco para os contribuintes. Poder contestar, eventualmente, alguns relatórios que venham da Autoridade Tributária”, sublinha.

Contudo, a inteligência artificial também pode ser útil nos reembolsos do IRS, acelerando procedimentos.

Ao mesmo tempo, esta nova ferramenta poderá reduzir a pressão sobre os recursos humanos, principalmente em datas de maior sobrecarga de trabalho.

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