A Autoridade Tributária e Aduaneira tenciona utilizar a inteligência artificial para inspecionar os contribuintes. Com esta ferramenta, o escrutínio passa a ser determinado com base em dados de transações financeiras, permitindo chegar a mais contribuintes.
A intenção foi anunciada pela secretária de Estado dos Assuntos Fiscais, esta quarta-feira, no Parlamento. A ideia do Governo é recorrer à inteligência artificial para selecionar os contribuintes e as situações a inspecionar.
“Cruzar muita informação de uma forma muito rápida permitindo a quem tem de olhar para esses dados ter acesso a conclusões sumárias prévias, que seriam incompatíveis para um ser humano num tão curto espaço de tempo”, explica o fiscalista Luís Leon.
Com esta ferramenta, as auditorias passam a ser determinadas com base na análise de informação interna e externa, como, por exemplo, dados de transações financeiras e identificação de padrões de comportamentos de evasão fiscal.
Alarga inspeções, mas traz riscos
As grandes empresas já são escrutinadas regularmente. Com a inteligência artificial, vai ser possível alargar o universo inspetivo.
“Poderão trazer outros contribuintes menores para a zona do escrutínio, poderá ser importante para detetar situações de fraude”, nota Luís Leon.
Mas este processo, alerta o fiscalista, também tem riscos. “É difícil colocarmos a máquina da Autoridade Tributária a olhar para papéis e para documentos, para comprovar que aquilo que os sistemasproduziram não corresponde à verdade”, afirma Luís Leon.
"A máquina também se engana, porque houve um utilizador qualquer que pôs um dado errado. Esse é o maior risco para os contribuintes. Poder contestar, eventualmente, alguns relatórios que venham da Autoridade Tributária”, sublinha.
Contudo, a inteligência artificial também pode ser útil nos reembolsos do IRS, acelerando procedimentos.
Ao mesmo tempo, esta nova ferramenta poderá reduzir a pressão sobre os recursos humanos, principalmente em datas de maior sobrecarga de trabalho.