José Gomes Ferreira alerta para o facto de uma "eventual recessão da Alemanha e estagnação prolongada no coração da Europa" poder impedir que o Governo português atinja as previsões económicas para 2024 e 2025.
O Governo prevê terminar 2024 e 2025 com um excedente de 0,2% a 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) e um crescimento da economia a rondar os 2%. Será este um cenário realista?
José Gomes Ferreira considera que sim "até porque o turismo voltou a registar valores altamente positivos", no entanto alerta para os "ventos de preocupação da Europa":
"Nomeadamente no chamado motor económico da Europa com a Alemanha com um problema sério a nível da sua indústria, que está em risco de atirar o país para uma recessão".
Por esse motivo, alerta mesmo que os "próprios 2% para 2025 podem estar em risco e podem ser otimistas".
Para além da Alemanha, França "também não está melhor e o Reino Unido está praticamente em estagnação", o que significa que, "mais cedo ou mais tarde, Portugal vai ter de enfrentar esta negativa conjuntura internacional" e volta a frisar:
"Se a conjuntura internacional bater de forma ainda mais negativa em Portugal, não vai ser possível atingir estes números".
José Gomes Ferreira não acredita que o Governo caia caso o Orçamento do Estado para 2025 não seja aprovado e recorda que Marcelo Rebelo de Sousa "já deu sinais de que não quererá, certamente, dissolver a Assembleia".
"Em relação às condições de aprovação, não me parece muito fácil que o líder do PS deixe viabilizar o Orçamento até porque a postura dele não tem sido essa até agora, tem sido muito crítico e estabeleceu essas linhas vermelhas", refere.
O jornalista diz que o PSD "tem na sua base uma matriz liberal que é de criação de mais riqueza". Para isso, acrescenta, "tem de haver reformas de fundo" e questiona: "Onde é que está uma profunda reforma do Estado?"
"Aquela que seria a função de criação de riqueza através de reformas não tem feito nada. Também não é só culpa do Governo, é culpa porque não tem tido essa iniciativa", atira.
Sublinha também que "em termos nominais são os 4,5% do crescimento do PIB que vão aguentando a subida da despesa pública" e deixa o aviso:
"Se vier a tal contração de que estávamos a falar por força de uma eventual contaminação pela recessão na Alemanha ou por uma estagnação prolongada no coração da Europa, esta estrutura de despesa não vai aguentar e vamos voltar a défices".