O número de vistos de trabalho emitidos em Portugal caiu, nos últimos três meses. O período coincide com o fim da chamada manifestação de interesse. Ainda assim, mantêm-se as filas na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).
“Quando cheguei, candidatei-me ao visto de trabalho. Chama-se manifestação de interesse. É como um visto de trabalho. Candidatei-me e deram início ao meu processo. Demorei dois anos a ter autorização de residência aqui. Foi difícil”, relata Mohit Sharma.
Veio da Índia, à procura de uma vida melhor. Já conseguiu o cartão de residência, mas as dificuldades que encontrou foram tantas que já não aconselha ninguém a vir.
“Não aconselho mais ninguém a vir para Portugal. É difícil estar aqui. Não temos bons salários, não ganhamos bem e também não conseguimos autorizações de residência.”
Fatores que podem explicar os números oficiais, avançados pelo jornal Público. Nos últimos três meses, a emissão do visto de procura de trabalho baixou 24% em relação à média mensal do ano anterior.
E o mesmo relativamente aos vistos concedidos a quem já entra com emprego assegurado. O abrandamento coincide com o fim da manifestação de interesse.
“É normal que esse número baixe”, contata o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da AIMA, Artur Girão.
“Sei que o Governo está a estudar e está para apresentar alterações legislativas. Vamos esperar que não constituam uma baixa de mão-de-obra para o país - porque o país precisa de mão-de-obra -, mas uma reformulação da forma como essa mão-de-obra chega”, expressou.
Para os funcionários da Agência para as Migrações, os últimos dois anos foram complexos. Com a entrada em funcionamento da estrutura de missão, na próxima segunda-feira, esperamque a pressão diminua e que as pendências comecem a ser resolvidas.