O fiscalista Luís Leon afirma que a redução do IRS vai ser sentida com maior intensidade nos meses de setembro e outubro, mas, a partir de novembro, em alguns casos, não vai além do preço de um café.
Pegando no exemplo de um trabalhador, solteiro, que ganhe 900 euros por mês, “estamos a falar de 38 euros em setembro e em outubro”, refere. “Depois, a partir de novembro, é uma diferença de um euro”, nota.
“A redução anual do imposto dá para mais um café por mês, dependendo do sítio onde se toma o café”, insiste.
Luís Leon afirma que o Governo tomou uma “opção política”, como “forma de pressionar o Partido Socialista e o Chega a fazer uma aprovação do Orçamento do Estado para 2025”, ao criar duas novas tabelas de retenção na fonte.
A primeira, que seria a expectável, vem refletir as novas taxas e escalões de IRS aprovadas pela oposição no Parlamento. São as tabelas que estarão em vigor para os meses de novembro e dezembro e para o subsídio de Natal.
A segunda, nota, é um mecanismo “a que o governo não estava obrigado, que não resulta da lei” - as tais retenções a 0%, que decorrerão nos meses de outubro e novembro, em alguns casos.
“É uma tentativa de acerto dos nove pagamentos que tivemos até agosto”, explica Luís Leon, alertando, contudo, que não se trata de qualquer isenção fiscal. “O que há são taxas de IRS Zero até um valor e uma redução da taxa para todos os outros.”
“O país é avesso à criação de riqueza”
Ainda assim, alerta, esta medida “não vai ser para todos”. “Quem estiver desempregado ou quem tem licença parental não vai ter rendimento para fazer processamento até ao final do ano”, ressalva.
“Os portugueses têm de entender que enquanto Portugal não deixar de pensar, como durante décadas, que existe vida para além do défice e de frases como “as dívidas não se pagam, gerem-se", não vamos sair deste colete de forças”, defende o especialista.
“Não dá, de facto”, afirma Luís Leon, para quem o problema se resolve unicamente com “crescimento económico”.
O fiscalista considera que um dos grandes problemas do país é ser “avesso à criação de riqueza”- e, por isso, “será eternamente pobre”.
“Ou a classe política se empenha neste crescimento económico, ou estaremos sempre a falar de remendos”, conclui.