Economia

Adegas contestam "destilação de crise" e dizem que Governo paga pouco por litro

Para responder ao excesso de vinho armazenado nas adegas em Portugal, o Governo aprovou uma "destilação de crise". Mas a federação, que representa as adegas cooperativas, diz que o valor que o Governo se propõe a pagar por litro vai levar ao suicídio em alguns territórios.

Frederico Pinto

Frederico Correia

Há vários meses que as adegas pediam uma destilação de crise para eliminar o vinho em excesso armazenado nas cooperativas. A resposta chegou, mas agrava mais o problema do que contribuiu para a solução.

"Com 42 cêntimos por litro nós não vamos aliviar nenhum preço de mercado, antes pelo contrário, vamos agravar porque vamos ter de vender o vinho muito abaixo do custo de produção e, portanto, isso não é desagravar o problema, mas sim agravá-lo", explica António Mendes, presidente Fenadegas.

As contas são fáceis de fazer. A União Europeia, que à partida seria o maior entrave à destilação, entregou a Portugal 15 milhões de euros com possibilidade de subir até aos 45 milhões para pagar aos agricultores, mas o Governo parece estar a fazer outras contas.

“Nós não podemos pegar num vinho que custa 70 cêntimos e ir vendê-lo a 42 cêntimos para a destilação. Isto é ilegal, isto é uma gestão danosa e nós não pudemos fazê-lo, não pudemos empurrar as organizações para o abismo”, afirma António Mendes.

As adegas esperam que o Governo ainda reveja esta decisão a tempo das próximas vindimas e também de evitar o que consideram ser o suicídio nos territórios de montanha.

“O IVV [Instituto da Vinha e do Vinho] não fez o trabalho de casa que deveria ter feito, ou se o fez não passou a informação bem feita ao secretário de Estado. Se passou a informação bem feita ao secretário de Estado, o senhor secretário de Estado não percebeu a mensagem e informou mal o senhor ministro e, portanto, eu acho que nesta cadeia toda alguém alguém deverá assumir a responsabilidade disto”, diz o presidente da Fandegas.

A Federação das Adegas de Portugal estima que só nas cooperativas o país tenha mais de 70 milhões de litros de vinho em excesso.

Últimas