No ano passado, os cinco maiores bancos privados tiveram mais de 3.100 milhões de euros de lucros. E um dos fatores que explica esses números é a margem financeira, ou seja, a diferença entre os juros cobrados e aqueles que são pagos pelos depósitos. Em comparação com 2012, há aqui uma enorme discrepância: é que, em 2023, a margem financeira dos bancos cresceu 4 vezes mais rápido do que caiu durante a crise de 2012.
Apesar da descida no Montepio, os cinco maiores bancos privados em Portugal atingiram, em 2023, resultados expressivos, com lucros totais de 3153 milhões de euros, o que representa um aumento de 81,9% em relação a 2022.
Se o Santander teve o melhor desempenho, com lucros superiores a mil milhões de euros, a maior subida foi a do Millennium BCP.
Mas em conjunto, todas as instituições bancárias beneficiaram de um fator: o crescimento da margem financeira, que é o indicador que reflete a diferença entre os juros que a banca recebe e aqueles que paga aos depositantes. No ano passado, esse valor foi de mais de 6 mil e 800 milhões de euros, à boleia do facto de as taxas de juro terem disparado.
É certo que as remunerações aos clientes também subiram, mas não ao mesmo ritmo.
De acordo com dados do Banco de Portugal, citados pelo jornal Público, essa margem financeira, ou seja, a tal diferença entre o juro recebido e o pago, subiu 56% em 2023.
Este valor contrasta bastante com o de 2012, ano em que os juros mais caíram.
Significa isto que a margem financeira dos bancos cresceu no ano passado quatro vezes mais rápido do que caiu na última crise.
Contactado pelo Público, o BPI, que foi o único a responder, garantiu que as condições de mercado são distintas e que no ano passado se registou o ciclo de aumento dos juros mais rápido da história.
O banco assegura ainda que a margem financeira já estabilizou no 4.º trimestre de 2023 quer pela descida das taxas de juro quer pelo aumento dos juros pagos nos depósitos a prazo.