A saída de Isabel dos Santos do capital da Efacec, após o escândalo do Luanda Leaks, deixou a empresa fragilizada. E, sem um comprador que no entender do Governo garantisse a continuidade do negócio, a empresa acabou nacionalizada em 2020.
O então ministro da Economia prometia encontrar um novo dono para a Efacec em seis meses, mas a situação complicou-se. Aos problemas reputacionais, juntaram-se os efeitos da pandemia.
Desde a nacionalização, a empresa acumula prejuízos de 300 milhões de euros e ficou sem acesso a financiamento bancário. Com uma dívida superior a 100 milhões, os bancos recusaram emprestar mais dinheiro até à privatização. A Efacec ficou sem capacidade para pagar concluir as empreitadas e a produção caiu a pique.
“Não consegue pagar a fornecedor nenhum neste momento, não consegue comprar absolutamente nada, não consegue comprar uma caixa de parafusos. Isto é muito sério e muito grave”, relatava Sérgio Sales, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE-Norte).
A preocupação do sindicato, no início deste ano, após uma primeira tentativa de venda que falhou. A DST seguia à frente na corrida pela Efacec, mas o negócio foi travado pela Comissão Europeia.
Para concluir a compra, a empresa de Braga pedia um financiamento de 100 milhões de euros com garantia pública, o que significaria colocar o Estado como uma espécie de fiador que assegurava o pagamento do empréstimo caso a DST não tivesse capacidade para o fazer. Bruxelas não autorizou porque considerou que esse apoio violava a lei e deixava a Efacec em vantagem face às outras empresas do setor.
Desta vez, no negócio com o fundo Mutares, o Governo garante que cumpriu todas as regras. A venda já foi assinada, mas antes o Executivo de António Costa comprometeu-se com uma nova injeção de capital de 160 milhões de euros, a juntar aos 200 milhões que já tinha colocado na empresa.
A Efacec, empresa que que ficou conhecida como o negócios dos elevadores e que na última década ganhou destaque pela produção de carregadores para carros elétricos, chegou a vender para 70 países. Oitenta porcento do que fazia era para exportar.
Antes do escândalo com Isabel dos Santos, a empresa faturava em média 400 milhões de euros por ano. Agora, não chega a metade.