Economia

Juros começam a atenuar em 2024: "Temos um ano à nossa frente com grandes dificuldades ainda"

João Duque, comentador da SIC, considera que, em geral, são boas notícias a economia portuguesa estar a crescer e a inflação a baixar. Mas alerta que, apesar dos preços em Portugal não estarem a crescer tanto como no centro da Europa, "nós vamos ter de sofrer as consequências daquilo que é a política monetária europeia".

SIC Notícias

A economia portuguesa cresceu e a inflação baixou. O comentador da SIC João Duque considera que, em geral, são boas notícias, mas o facto de a economia portuguesa estar muito dependente do turismo, torna o crescimento económico e a economia portuguesa frágeis. Alerta também para o facto de que as taxas de juro ainda vão subir pelo menos mais 0,5% até ao final do ano.

O turismo tem um grande peso na nossa economia, continua a bater recordes face a 2019, o ano recorde do turismo em Portugal.

“Temos uma economia que, apesar de estar a crescer muito, também tem as suas fragilidades”, diz João Duque. “Temos um aumento na exportação de serviços - caso do turismo - e é isso que está a puxar a economia portuguesa”.

Mas, alerta João Duque, o facto de o turismo ser o motor predominante dessa exportação de serviços torna a economia mais frágil já que “em caso de haver uma afetação desse setor, temos um problema para Portugal”.

O crescimento económico também é resultado do crescimento das empresas, particularmente as que estão relacionadas com a exportação.

“Mas estes resultados não se transferem ainda para o bolso dos portugueses. A inflação continua a apertar o bolso das famílias e as taxas de juro a subir”.

Subida das taxas de juro até ao fim de 2023

Após vários anos em terreno negativo, as Euribor começaram a subir mais significativamente desde 4 de fevereiro, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na zona euro. De então para cá, o BCE já aumentou as taxas diretoras por várias vezes, o que significa um agravamento do valor que os clientes pagam pelos créditos, desde logo pelos empréstimos à habitação, o que tem deixado muitas famílias em dificuldades.

"O que o mercado está a antecipar é uma continuada subida das taxas de juro de referência do BCE, pelo menos mais 0,5% da taxa de referência. O que quer dizer que as Euribor vão subir pelo menos 0,5% até ao final do ano. Essas taxas vão manter-se mais um tempo até a inflação na Europa baixar e manter essa trajetória baixa durante uns meses".

E, apesar de a inflação em Portugal estar já na casa dos 4%, na Europa ainda está na casa dos 7% "nós vamos ter de sofrer as consequências daquilo que é a política monetária europeia".

"O meu sentimento, em linha com aquilo que é o mercado, é de que as, setembro, outubro. A partir daí, espero que se fique por esses valores, que as medidas todas somadas comecem a produzir efeitos, e lá para 2024, para meados do ano ou no 2.º semestre, comecem a atenuar as taxas de juro. Portanto, um ano à nossa frente com grandes dificuldades ainda".

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