A economia portuguesa registou um excedente externo de 513 milhões de euros em janeiro, o maior excedente desde o início da série, divulgou esta quarta-feira o Banco de Portugal (BdP).
Em janeiro passado, o saldo das balanças corrente e de capital foi assim o maior desde 1996 (início da série). Já em janeiro de 2022, a economia portuguesa tinha tido um défice externo de 500 milhões de euros.
Em janeiro de 2023, o défice da balança de bens e serviços reduziu-se 561 milhões de euros em relação ao mesmo mês de 2022, resultado do aumento do excedente da balança de serviços e redução do défice da balança de bens.
Segundo o BdP, O défice da balança de bens diminuiu 50 milhões de euros para 1.600 milhões de euros, para o que contribuiu o crescimento das exportações, de 854 milhões de euros, superior ao das importações, de 804 milhões de euros (mais 15,6% e 11,3%, respetivamente).
A evolução das exportações e importações
As exportações de serviços aumentaram 36% e as importações de serviços subiram 25%, devido sobretudo a viagens e turismo e aos serviços de transporte.
As exportações de viagens e turismo cresceram 69,7% e as importações de viagens e serviços 49,7%. Assim, a rubrica de viagens e turismo teve um excedente de 425 milhões de euros.
O Banco de Portugal diz mesmo que "as exportações de viagens e turismo totalizaram 1.300 milhões de euros, o valor mais elevado da série para um mês de janeiro".
E a balança de pagamentos?
A balança de rendimento primário, continuou com défice, mas reduziu-se 23 milhões de euros pelo aumento do recebimento de dividendos do exterior.
Já a de rendimento secundário manteve o excedente, que cresceu 83 milhões de euros, explicado pela redução da contribuição financeira para a União Europeia e pela subida das prestações sociais recebida.
Esta apresentou um excedente de 227 milhões de euros, que compara com um défice de 120 milhões de euros em janeiro de 2022.
"Isto reflete sobretudo a redução de pagamento de licenças de emissão de carbono", diz o BdP.
Na balança financeira, o saldo foi de 500 milhões de euros em janeiro, devido ao aumento dos ativos sobre o exterior (3.900 milhões de euros) superior ao incremento dos passivos (3.400 milhões de euros).
O aumento de ativos advém sobretudo dos investimentos das administrações públicas em dívida titulada emitida por não residentes (3.000 milhões de euros) e pelo aumento dos depósitos no exterior por parte do banco central (1.000 milhões).
Já nos passivos o aumento deve-se principalmente a investimentos do resto do mundo em títulos de dívida pública portuguesa (1.400 milhões de euros) e a aumentos dos passivos do banco central sob a forma de empréstimos (1.200 milhões de euros).
Os ativos líquidos de Portugal sobre o resto do mundo foram positivos, o que se deve ao setor das administrações públicas (1.500 milhões de euros) e a outras instituições financeiras monetárias (1.100 milhões de euros).
Já o banco central e as sociedades não financeiras registaram crescimento dos passivos superiores aos incrementos dos ativos (-1.600 milhões de euros e -800 milhões de euros, respetivamente).