Os membros do conselho do Banco Central Europeu (BCE) reuniram-se, esta quinta-feira, e decidiram aumentar as taxas de juro pela primeira vez em 11 anos, pondo fim a anos de taxas negativas.
A marcar esta subida está o facto de ser maior do que a esperada, confirmando as previsões dos analistas. Em vez dos esperados 25 pontos base, "o Conselho do BCE decidiu aumentar as três taxas de juro diretoras em 50 pontos base".
"O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) tomou hoje novas medidas fundamentais para assegurar o regresso da inflação ao seu objetivo de 2% a médio prazo. O Conselho do BCE decidiu proceder a um aumento de 50 pontos base das três taxas de juro diretoras do BCE e aprovou o Instrumento de Proteção da Transmissão (IPT)", lê-se no comunicado do BCE.
A instituição liderada por Christine Lagarde reconhece ter dado "um primeiro passo maior, na sua trajetória de normalização das taxas de juro diretoras, do que o sinalizado na reunião anterior" e sustenta a sua decisão, que classifica de "apropriada", na "avaliação (...) aos riscos de inflação e no apoio reforçado proporcionado pelo IPT para a transmissão eficaz da política monetária".
Na prática, o impacto desta subida "aplicável às operações principais de refinanciamento", "à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito serão aumentadas para 0,50%, 0,75% e 0,00%, respetivamente, com efeitos a partir de 27 de julho de 2022".
"A futura trajetória das taxas de juro diretoras definida pelo Conselho do BCE continuará a depender dos dados e ajudará a cumprir o objetivo de inflação de 2% a médio prazo. No contexto da normalização da sua política monetária, o Conselho do BCE analisará as opções de remuneração das reservas excedentárias", acrescenta o documento.
Em conferência de imprensa, a presidente do BCE explicou esta decisão. Christine Lagarde diz que a inflação vai continuar alta durante algum tempo, assim como os preços da energia e das matérias-primas, mas espera que as políticas agora aplicadas revertam esta situação.
Nos últimos dois anos, o banco central optou por uma política monetária acomodatícia, com taxas de juro muito baixas e elevadas compras de ativos, para ajudar a economia a ultrapassar a crise causada pela pandemia de covid-19.
Mas, desde há alguns meses, o BCE começou a preparar terreno para pôr fim à era do dinheiro barato, tendo começado por reduzir as compras líquidas de dívida, que terminaram este mês.
A instituição liderada por Christine Lagarde junta-se assim a outros bancos centrais, como a Reserva Federal norte-americana, que têm estado mais ativos na luta para conter a subida de preços.