Falando na comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas no âmbito de um requerimento do PSD, sobre a "degradação do material e o serviço prestado", Carlos Nogueira especificou que, destes 22 comboios, 10 são elétricos e 12 são híbridos, podendo estes últimos circular em linhas eletrificadas e não eletrificadas "para evitar transbordos".
Ainda assim, "os novos comboios só [devem chegar] em 2023 ou 2024, depois de assegurado o investimento e de aberto o concurso internacional", disse.
"Até lá, vamos viver de forma simples e paradigmática", salientou Carlos Nogueira, aludindo ao reforço do aluguer de comboios, como acordado na segunda-feira com a transporta ferroviária espanhola, Renfe, em Madrid.
De momento, "temos 20 unidades alugadas à Renfe para linhas não eletrificadas", assinalou o responsável.
A estes acrescem quatro unidades a 'diesel' que chegam no início do próximo ano, "e que precisam de grandes reparações", e uma elétrica para o serviço de alta velocidade, indicou.
Além desta medida, a CP quer intensificar a contratação na Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF), tendo já tido a aprovação de 102 trabalhadores e da integração de outros 40 no âmbito do programa de regularização extraordinária dos vínculos precários na Administração Pública (PREVPAP), explicou Carlos Nogueira.
Carlos Nogueira salientou ainda que a empresa quer conseguir "mais regularidade e mais pontualidade e menos comboios suprimidos", objetivos nos quais a ação da EMEF é "indispensável".
O responsável voltou ainda a culpar a "aposta dos sucessivos governos no modo rodoviário, em estradas, autoestradas, IP [itinerários principais], IC [itinerários complementares], em autocarros para transporte de passageiros e em camiões para transporte de mercadorias", pelo "estado a que se chegou" na ferrovia.
A seu ver, neste setor, tem havido um "abandono durante décadas" e uma "falta de investimento tempestivo".
"Uma oferta mais fiável e de maior qualidade é o que queremos" e isso "só é possível com uma perfeita simbiose entre a infraestrutura e o material circulante", vincou Carlos Nogueira.
Na segunda-feira, o Estado aumentou em 32 milhões de euros o capital na CP, que passou a ser 3,9 mil milhões de euros, segundo um comunicado da transportadora ferroviária pública à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
O aumento do capital estatutário foi comunicado no dia em que a CP e a congénere espanhola Renfe assinaram, em Madrid, um protocolo de cooperação que permitirá à empresa ferroviária portuguesa alugar em 2019 quatro comboios a gasóleo e uma primeira composição elétrica.
O aluguer de comboios pela CP visa suprir necessidades enquanto é aguardado o concurso para a compra de mais composições.
Portugal apenas pode alugar comboios a Espanha, uma vez que ambos os países têm bitola (distância entre carris) ibérica. Portugal ainda usa comboios a gasóleo, pois cerca de um terço da infraestrutura ferroviária portuguesa está por eletrificar.
As queixas sobre o serviço prestado pela CP subiram de tom recentemente e o tema já se tornou motivo de confronto político.
Depois da audição desta terça-feira, na quinta-feira é a vez do ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, estar na comissão permanente para debater a situação da ferrovia.
Com Lusa