Economia

Acusações de negociação de bastidores na corrida à liderança do Eurogrupo

As suspeitas surgiram logo no dia seguinte à apresentação dos candidatos à presidência do Eurogrupo. Na sexta-feira, o Luxemburgo reagiu a um eventual acordo entre o Governo alemão que apoiaria o candidato português. De acordo com a edição online da revista Politico, fontes do Executivo luxemburguês afirmaram acreditar que a Alemanha teria estabelecido um acordo com os países mediterrânicos para levar Mário Centeno à presidência do Eurogrupo.

Berlim rejeitou as acusações, garantido que ainda não tinha decidido qual o candidato que iria apoiar. Contudo, correram também rumores de que um possível acordo entre Portugal e a Alemanha poderia até ajudar Angela Merkel nas diligências para a formação de um novo governo de coligação com os social-democratas do SPD.

O líder do SPD, Martin Schulz, bem como o Presidente francês Emmanuel Macron, partilham o desejo de reforma da zona euro e veem em Centeno uma pessoa capaz de levar avante essa missão. Portugal surge, na perspetiva destas personalidades influentes, como um exemplo de um governo socialista de sucesso, algo que começa a ser um fenómeno raro na Europa.

Os 19 ministros das Finanças da zona euro escolhem esta tarde o novo presidente do Eurogrupo. O voto será secreto e o candidato que primeiro receber 10 votos ganha o escrutínio.

Diplomatas da zona euro em Bruxelas afirmaram que não ficaram surpreendidos com o apoio da Alemanha a Mário Centeno. Fontes portugueses terão também adiantado à Politico que contam com o apoio da França e da Alemanha. Uma confiança que terá sido transmitida ao Governo de Lisboa em conversas privadas à margem da cimeira UE-África, na semana passada em Abidjan.

Nos meandros das negociações políticas que parecem acompanhar a corrida à presidência do Eurogrupo, o ministro das Finanças socialista da Eslováquia, Peter Kažimír, decidiu também avançar, de modo um tanto inesperado, ameaçando retirar o apoio de Centeno.

O único candidato liberal, Pierre Gramegna do Luxemburgo, estaria bem posicionado para vencer a corrida, no sentido em que são os liberais que mais se têm empenhado em exercer o poder nos cargos cimeiros da União Europeia.

"Os liberais são o terceiro maior grupo do Parlamento Europeu e são líderes de oito países da área europeia", disse Gramegna à Politico. "Pensamos que isso é algo que deve ser levado em consideração".

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