Economia

Troika continua a ver riscos no cumprimento das metas do défice

A troika considerou hoje que continua a haver riscos no cumprimento das metas do défice orçamental e reiterou o pedido para um consenso em Portugal sobre a estratégia para reforçar o crescimento económico.

A troika reiterou o pedido para um consenso em Portugal sobre a estratégia para reforçar o crescimento económico.(Lusa)
MÁRIO CRUZ

Na declaração conjunta sobre a 12ª e última missão de avaliação, Comissão  Europeia (CE), Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional  (FMI) destacaram que "o programa está no bom caminho para o seu termo, na  sequência da conclusão desta avaliação final".

Ainda assim, a troika alertou para "riscos importantes de desvios  ao orçamento", relacionados em primeiro lugar com "desafios jurídicos persistentes"  que podem levar a "pressões no sentido da substituição de medidas de qualidade  mais elevada por medidas com um grau de certeza e qualidade inferiores".

As contas públicas podem ainda ser afetadas por "eventuais alterações  no tratamento de ativos por impostos diferidos" que estão a ser equacionadas  para evitar a queda dos rácios de capital dos principais bancos portugueses  e pelo "tratamento estatístico dos esforços para gerir de forma mais eficaz  o sobre-endividamento de algumas empresas públicas".

A troika reiterou ainda o que já vem pedindo de que "seria adequado  que todos os intervenientes na sociedade chegassem a acordo sobre as linhas  gerais de uma estratégia para reforçar as perspetivas económicas de um crescimento  e prosperidade autossustentáveis".

Este acordo "exigirá uma importante rutura com o passado e um compromisso  para uma mudança profunda e duradoura", lê-se no comunicado conjunto das três entidades.  

Sobre os desafios de Portugal, após a conclusão do programa de resgate,  a 'troika' considerou que é necessário "um mercado de trabalho mais dinâmico,  bem como um crescimento mais robusto, para reduzir o nível ainda muito elevado  de desemprego".  

Afirmou ainda que "a fraca concorrência em certos setores da economia  impede maiores ganhos de produtividade e de competitividade" e que são necessárias  "medidas decisivas destinadas a reduzir a dívida das empresas e os respetivos  prémios de risco".  

Como pontos positivos, a 'troika' destacou que a recuperação económica  "está a acentuar-se", com as exportações "a impulsionar o crescimento económico" e que "o desemprego deverá continuar a diminuir".

Notou ainda que "o acesso de Portugal aos mercados da dívida soberana  melhorou acentuadamente", o que atribuiu à "evolução económica interna,  no contexto de uma mobilização mais ampla do mercado em toda a região".

Já sobre a banca, referiu que o setor está estabilizado, mas que "as  condições de financiamento da economia permanecem difíceis": "O acesso ao crédito bancário a um custo razoável é ainda limitado para empresas viáveis  mas fortemente endividadas, nomeadamente pequenas e médias empresas".  

Portugal recorreu à ajuda externa em maio de 2011, tendo o país recebido 78 mil milhões de euros. Em contrapartida, teve que cumprir um conjunto de medidas de ajustamento económico e das contas públicas.

No domingo, o Governo anuncia se a saída do resgaste será feita com  ou sem programa cautelar.

Lusa

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