Economia

Governo duplica a poupança que espera em 2013 com as 40 horas na função pública 

O Governo estima poupar este ano mais do dobro  do que previa com o aumento para 40 horas do trabalho semanal na função  pública, segundo a declaração de interesse público que o ministério das  Finanças entregou no tribunal administrativo.  

Em comparação com o primeiro semestre de 2014, quando atingiu os 4192  milhões de euros, o défice das administrações públicas aumentou 1.631,4 milhões de euros em julho.
ESTELA SILVA

A poupança orçamental calculada pelo ministério para 2013 é de 79 milhões  de euros, segundo a declaração a que a Lusa teve acesso, representando mais  do dobro dos 36 milhões de euros que em maio foram estimados na carta enviada  à 'troika' pelo primeiro-ministro, Passos Coelho, com as metas sobre a reforma  do Estado. 

Para 2014 a poupança adicional calculada pelo ministério das Finanças  é de 208 milhões de euros, próxima dos 204 milhões de euros previstos na  mesma carta de maio. 

"Estimou-se que a alteração do período normal de trabalho dos trabalhadores  em funções públicas permitirá uma poupança orçamental de 79 milhões de euros  em 2013 e 208 milhões de euros adicionais em 2014", lê-se na declaração  entregue pelas Finanças em tribunal. 

Esta redução da despesa pública conseguida com o aumento do horário  de trabalho dos funcionários públicos foi um dos argumentos que conseguiu  convencer o tribunal administrativo de Lisboa a levantar a suspensão da  lei das 40 horas que tinha decidido ao aceitar a providência cautelar do  Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI). 

Entre os argumentos alegados pelas Finanças estão uma redução dos encargos  de funcionamento dos serviços e o reforço da possibilidade de rever e reorganizar  os períodos normais de trabalho dos trabalhadores de carreiras especiais  cujos períodos de trabalho dispõem de regras próprias, retirando vantagens  de novos modelos de organização do trabalho. 

"Acomodar a redução em cursos no número de trabalhadores sem perda de  resultados e de serviços público prestado ao cidadão" e "melhorar a prestação  de serviços aos cidadãos, nomeadamente através do aumento do horário de  atendimento ao público dos serviços" foram mais dois argumentos para a aplicação  da lei das 40 horas. 

O ministério das Finanças acrescenta ainda que o aumento do horário  de trabalho dos funcionários públicos vai permitir um alinhamento do regime  laboral da função pública com a média dos restantes Estados membros e com  o setor privado. 

A poupança orçamental estimada, acrescenta, "resultará na otimização  da organização dos tempos de trabalho com redução de horas extraordinárias,  além da efetiva acomodação do ritmo da redução de pessoal em curso". 

O Governo argumenta com a situação de grave crise financeira que o país  atravessa e salienta que uma "desaplicação" imediata da lei das 40 horas  pode contribuir para "por em risco o cumprimento da meta orçamental acordada  com os credores internacionais, fazendo perigar a manutenção do financiamento  acordado e consequente solvabilidade do Estado". 

A imediata suspensão das novas regras de duração do tempo de trabalho  "é suscetível de originar grave perturbação e instabilidade funcional" na  Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), acrescenta. 

Por fim, o ministério das Finanças alerta ainda o tribunal que aquela  suspensão vai criar "dificuldade incontornáveis" na organização do tempo  de trabalho dos trabalhadores da AT e ainda na fixação das regras de prestação  de trabalho dentro do mesmo local d trabalho, uma vez que a suspensão decidida  pelo tribunal abrangia apenas os sócios do sindicato e não todos os trabalhadores  dos impostos. 

Lusa

     

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