"O país não resiste a estar sem Governo num momento em que se vai tratar" de "clarificar a situação política e financeira" de Portugal na União Europeia, sublinhou o socialista.
Embora admita ter dúvidas de que Aníbal cavaco silva tome essa atitude "porque ele não é propriamente uma pessoa muito corajosa nestas circunstâncias", Henrique Neto recomenda que não convoque de imediato eleições caso o Governo se demita hoje na sequência do "chumbo" do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) IV.
Henrique Neto considera que o dia de hoje é "previsível" já que "toda a agente está convencida que o PEC vai ser chumbado e o primeiro-ministro pedirá demissão", mas considera a situação "uma desgraça".
Para o histórico do PS, este "é o pior momento possível e imaginável para abrir uma crise política", apesar de afirmar não ser "fã de José Sócrates" porque "é um mau primeiro-ministro" e "já deveria ter ido embora há mais tempo se o PS fosse um partido com pessoas independentes e patriotas que defendessem o interesse nacional".
No entanto, ressalva, "fazê-lo agora, a horas da cimeira europeia onde se vai decidir aquilo que para Portugal é vital, que é uma forma de refinanciar a dívida pública de modo a torná-la suportável pelos portugueses ainda que alongando-a no tempo, parece-me irreal e irresponsável".
O atual empresário considera que a responsabilidade da situação "é dos dois lados (Governo e PSD)" porque os sociais-democratas também "não apresentaram propostas alternativas às que o Governo apresentou para o PEC" que dessem início a uma negociação.
(Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico)
Lusa