Drones não identificados foram observados sobre a maior base militar da Dinamarca na noite de sexta-feira, depois de várias violações do espaço aéreo daquele país da NATO nos últimos dias, anunciou este sábado a polícia local
"Posso confirmar que tivemos um incidente por volta das 20:15 [19:15 em Lisboa] que durou várias horas. Um ou dois drones foram observados no exterior e acima da base aérea" de Karup, disse um porta-voz da polícia.
"Não os abatemos", acrescentou.
O incidente junta-se aos que têm vindo a decorrer desde segunda-feira numa campanha que o Governo dinamarquês descreveu como atos de "guerra híbrida". A intrusão levou ao encerramento temporário do espaço aéreo ao tráfego civil durante algum tempo.
Voos de drones já tinham sido observados na quarta-feira à noite sobre a Base Aérea de Skrydstrup e sobre o Aeroporto de Aalborg, a quarta maior cidade do país, que também tem uma componente militar, obrigando o aeroporto a suspender os voos durante uma hora.
Avistados drones em base militar na Suécia
Foram avistados drones próximos a uma base militar no sul da Suécia. As autoridades confirmam tratarem-se de aparelhos semelhantes aos que sobrevoaram a Dinamarca. Nenhum dos drones foi recuperado e não há até agora suspeitos identificados.
O principal responsável militar da aliança atlântica compara as intrusões russas dos últimos dias às violações soviéticas do espaço aéreo dos países Bálticos, no início da Segunda Guerra Mundial, em 1939. Considera que as ações de Moscovo são uma provocação aos países da NATO.
Surgimento de drones já tinha obrigado ao encerramento do tráfego aéreo no Aeroporto de Copenhaga
Na segunda-feira, o surgimento de drones tinha também levado o Aeroporto de Copenhaga a encerrar o tráfego aéreo durante cerca de quatro horas, causando atrasos a aproximadamente 20.000 passageiros.
As autoridades dinamarquesas ainda não determinaram a responsabilidade pelas violações do espaço aéreo, embora se refiram a um "ator profissional" e a um "ataque híbrido" e tenham manifestado suspeitas de possíveis ligações à Rússia. O país está em alerta máximo desde segunda-feira, tendo a primeira-ministra, Mette Frederiksen, alertado, na quinta-feira, para a possibilidade de o número de "ataques híbridos" poder aumentar.
Embora tenha admitido que ainda não se sabe a origem dos drones, a primeira-ministra afirmou que "existe um país que representa principalmente uma ameaça à segurança europeia: a Rússia".
Estes incidentes acontecem após a incursão de drones russos também na Polónia e na Roménia e suspeitas na Alemanha, além da aproximação de caças russos ao espaço aéreo estónio, mas as autoridades dinamarquesas ainda não estabeleceram formalmente uma ligação entre estes incidentes.
A Rússia negou "firmemente" estar envolvida nestes sobrevoos, com a sua embaixada em Copenhaga a denunciar uma "provocação orquestrada".
A Dinamarca é um dos principais apoiantes da Ucrânia face à ofensiva lançada pela Rússia em fevereiro de 2022, tendo recentemente anunciado que estava a adquirir novos meios "para detetar e neutralizar drones" e armas de precisão de longo alcance para atingir alvos distantes.
Na quinta-feira, a polícia dinamarquesa também anunciou estar a investigar os movimentos de várias embarcações, incluindo um navio de guerra russo, perto das suas águas territoriais.
Dez países da União Europeia decidiram na sexta-feira avançar com um muro contra drones, um sistema de defesa aérea para detetar e reagir à entrada irregular destas aeronaves pilotadas remotamente.
"Enfrentamos desafios claros: a Rússia está a testar a UE e a NATO e a nossa resposta deve ser firme, unida e imediata", defendeu o comissário europeu de Defesa, Andrius Kubilius, numa conferência realizada em Helsínquia, na Finlândia, após uma reunião por vídeoconferência com os ministros da Defesa de 10 Estados-membros da UE que estão na linha da frente de ajuda militar à Ucrânia.