A psicóloga do desporto Ana Bispo Ramires sublinhou esta tarde, na SIC Notícias, que a morte de Diogo Jota, de 28 anos, e do irmão André Silva, de 26, constitui um evento “verdadeiramente traumático”, com impacto profundo não só nas famílias, mas também nos adeptos e comunidades envolvidas.
“Estamos perante um evento verdadeiramente traumático: dois jovens que ficam sem vida no seu auge”, afirmou a psicóloga. “Ainda por cima, como tem sido relatado, miúdos que geram ondas de simpatia desde sempre à sua volta”, referiu.
A especialista explicou que casos como este podem provocar reações de sofrimento intensas, até mesmo físicas, e defendeu a importância de existirem mecanismos de apoio emocional.
“Pode mesmo haver uma resposta psicofisiológica do trauma, seja na família, seja nas pessoas que testemunharam, ou até em pessoas mais afastadas. Por isso, é importante que existam formas de aliviar essa dor", explicou.
Ana Bispo Ramires deu como exemplo positivo a reação do clube inglês Liverpool, onde Diogo Jota jogava, que criou um livro de condolências onde os adeptos podem homenagear o jovem jogador. A psicóloga defendeu a criação de espaços de expressão emocional.
“É muito importante que haja canais de expressão da resposta emocional das pessoas, para isto não se transformar, a médio ou curto prazo, em questões mais sérias, como ansiedade ou stress pós-traumático",
Em relação à cobertura mediática, a psicóloga apelou ao respeito pela privacidade da família.
“É fundamental que a intimidade das famílias seja preservada. Mostrar imagens dos destroços, do local do acidente, não é benéfico. Tudo o que esteja relacionado com celebrar a vida destas pessoas é o que realmente importa", disse.
Diogo Jota, avançado internacional português com 49 internacionalizações e duas Ligas das Nações conquistadas, morreu esta madrugada, juntamente com o irmão André, num acidente de viação na A52, em Zamora, Espanha.
A notícia abalou o mundo do futebol e o país, tendo motivado mensagens de pesar e homenagens por parte de colegas, clubes e instituições. A psicóloga Ana Bispo Ramires reforça que, em momentos como este, é essencial garantir o apoio à família e à comunidade, não apenas no imediato, mas também nos tempos que se seguem.