Nos dias de hoje, não é possível que uma partida de caráter amigável, cujo ambiente devia ser de entretenimento, alegria e festa, se tenha tornado num autêntico cenário de guerra civil, com invasões de campo, pancadaria dentro e fora das quatro linhas e gente em pânico, a fugir para onde havia fuga possível.
Ontem, em Lourosa, havia meninas e meninos nas bancadas que apenas queriam ver os seus ídolos e participar naquele que, para muitos, terá sido o primeiro jogo de futebol ao vivo.
Uma vergonha!
É inaceitável tudo o que ali aconteceu. E o que aconteceu começou dentro de campo - é importante sublinhá-lo -, galgando depois para todo o estádio. Foi tão mau que obrigou à interrupção definitiva da partida, com pouco mais de meia hora de jogo.
Lusitânia de Lourosa e Boavista FC, com ou sem responsabilidade direta (cabe à entidade disciplinar competente a análise rigorosa de tudo o que aconteceu) ficarão para sempre associados ao mais feio arranque de época desportiva a que assistimos nos últimos tempos.
E podem as duas grandes instituições apontar dedos a quem quiserem e justificar ações com a legitimidade que puderem. Nenhuma se livrará de ver o seu nome marcado na história daquele momento horrível.
Agora é tempo de perceber como e quem começou, porque escalou e que tipo de segurança permitiu que tomasse a proporção que dezenas de vídeos amadores postados online provaram ter tomado.
Repito: foi uma autêntica vergonha, que devia fazer repensar tudo, num país que ama futebol e que se diz seguro, afetivo e tolerante.
Que aquela montra não seja o prenúncio de uma época desportiva desastrosa sob o ponto de vista de condutas irresponsáveis e más práticas.
O chavão é o mesmo de sempre, porque de facto corresponde à verdade:
- Tem que estar (bem) fora do desporto toda e qualquer pessoa que não perceba os seus valores e o exemplo que representa para milhões e milhões de pessoas.
Haja coragem (e base legal) para afastar de vez quem reiteradamente prova estar a mais nesta atividade.
Infelizmente ainda são demasiados.