Várias figuras do futebol português despediram-se hoje de Artur Jorge, antigo selecionador nacional que faleceu na quinta-feira, aos 78 anos, em cerimónia fúnebre em que foi lembrado o legado que deixa como jogador, treinador e homem.
Após o velório decorrido na sexta-feira à noite, a missa de corpo presente realizou-se na Basílica da Estrela, em Lisboa, com a presença de várias figuras ligadas ao mundo do futebol e que fizeram parte do percurso de Artur Jorge como futebolista e treinador.
Do lado do FC Porto, o presidente Pinto da Costa e o vice-presidente Vítor Baía foram dos primeiros a chegar ao local, no qual também estiveram os ex-jogadores João Pinto e Augusto Inácio, campeões europeus pelos 'dragões' em 1986/87, com Artur Jorge.
Também o técnico e atual candidato à presidência dos portistas André Villas-Boas esteve presente na basílica, bem como José Mourinho, segundo treinador luso campeão europeu pelo FC Porto, e o presidente da Liga de clubes, Pedro Proença.
Pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), marcou presença José Couceiro, ao passo que Fernando Seara e Domingos Almeida Lima representaram o Benfica, bem como os ex-jogadores Toni, Valdo, Dimas e Paulo Madeira, contando ainda com Professor Neca.
"Vivemos momentos de grande glória no clube e, portanto, é uma perda terrível e uma saudade enorme", expressou Jorge Nuno Pinto da Costa à saída, com poucas palavras.
Já Vítor Baía recordou "uma carreira extraordinária", apontando Artur Jorge como "um dos melhores treinadores de sempre do futebol português" e que "deixará saudades".
" [O que mais recordo] Acima de tudo, são as conversas que tivemos antes de apostar em mim, com 18 aninhos. Imaginem a pressão que era para um miúdo com essa idade e o à vontade com que ele me tranquilizou. Mesmo acontecendo algo menos bom, no jogo seguinte estava lá de novo.Deu-me muita força e era um 'pai' para todos", disse.
João Pinto, titular no triunfo frente ao Bayern Munique (2-1) na final da Taça dos Campeões Europeus, em 1987, em Viena, que deu o primeiro título internacional ao FC Porto, realçou que, para além do treinador, "não há palavras para descrever a sinceridade e generosidade de Artur Jorge" como pessoa.
"Representa muita coisa. Não há palavras para descrever esse momento [conquista da Taça dos Campeões Europeus] e muitos outros que passámos juntos. A única palavra que tenho a dizer é obrigado por tudo o que fez pelo FC Porto e pelos jogadores", enalteceu.
José Couceiro apontou a fundação do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), ainda em pleno Estado Novo, por um grupo de jogadores comandados por Artur Jorge, associando sempre a sua figura à "coragem de ajudar o futebol e os jogadores".
"Deixa de facto um grande legado, para mim muito mais como cidadão e homem. Foi a nossa referência durante muitos anos, nomeadamente a nível do sindicato. Todos nós lhe devemos muito e devemos estar gratos por tudo o que fez e conseguiu para todos nós e para o futebol", ressalvou o ex-treinador e atual diretor técnico nacional da FPF.
Colega de equipa na Académica e no Benfica, Toni disse que todos devem estar gratos "por tudo o que fez como jogador e como treinador", realçando que "quando se perde alguém como o Artur Jorge, também parte um bocado" de todos os que o estimavam.
Artur Jorge, antigo futebolista, morreu na quinta-feira, aos 78 anos, após uma carreira de mais de duas décadas como treinador.