O FC Porto informou esta quarta-feira, em comunicado, que “não é visado” na Operação Pretoriano, que levou à detenção de 12 pessoas, duas das quais funcionários do clube presentes na Assembleia-Geral de novembro. As suspeitas das autoridades recaem sobre Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, que terá sido um dos responsáveis por criar um clima de medo na reunião magna.
O clube manifesta, ainda assim, disponibilidade para “colaborar com as autoridades em tudo o que lhe for solicitado”.
“Se desta investigação resultarem mais factos, o FC Porto agirá em conformidade, tal como agiu em relação a três sócios que foram condenados a penas de suspensão entre seis meses e um ano na sequência dos acontecimentos dessa noite”, lê-se no comunicado divulgado pelo clube.
Quem foi detido?
No resultado desta operação foram detidas 12 pessoas - 11 homens e uma mulher -, em que se incluem Fernando Madureira, líder da claque Super Dragões, e a esposa.
Entre os detidos está também Vítor Catão - adepto do FC do Porto e antigo presidente do São Pedro da Cova - e ainda Fernando Saúl, oficial de ligação aos adeptos do FC Porto - ‘speaker’ do Estádio do Dragão.
O alegado envolvimento de Fernando Madureira
Segundo apurou o Observador, o líder da claque Super Dragões e o administrador da SAD Adelino Caldeira terão acordado criar um clima de intimidação e medo na reunião magna do clube, a 13 de novembro.
Para isso, Fernando Madureira terá distribuído pulseiras de acesso à Assembleia-Geral a elementos da claque que não eram sócios do clube. O objetivo seria colocar, o mais rapidamente possível, pessoas da sua confiança no interior do auditório.
Diz ainda o Observador que o Ministério Público e a PSP têm várias provas que indiciam o conluio entre Adelino Caldeira, o líder dos Super Dragões e também Fernando Saúl. Entre as provas estarão, entre outras, conversas em grupos de WhatsApp e redes sociais.
Recorde-se que a Assembleia-Geral em questão estava agendada para começar a partir das 21:00, num auditório com capacidade para quase 400 pessoas, número largamente inferior à quantidade de sócios que se juntaram nas imediações, motivando a MAG a transferir os trabalhos para o Dragão Arena, que ultrapassa os 2.000 espectadores em dias de jogos.
A reunião magna reiniciou já depois das 22:30, mas várias pessoas abandonaram o local ao fim de pouco tempo, na sequência de altercações nas bancadas.
Segundo o Observador, Fernando Madureira terá começado a insultar apoiantes de André Villas-Boas. Entre as frases proferidas, terão estado as seguintes:
- “Batam palmas f***** da p***”
- “O FC Porto é nosso, quem não está com Pinto da Costa vai morrer”
- “Não estão a bater palmas, estão fo*****”
- “És Villas-Boas desaparece daqui senão levas mais”
- “Vocês vão morrer”
- “Vão todos levar nos cornos seus f***** da p***”
- “Ingratos do ca*****”
Entretanto, o advogado de Fernando Madureira diz que não entende os crimes que estão a ser imputados ao líder dos Super Dragões e afirma que não são justificados.
O que está a ser investigado?
A PSP informou esta quarta-feira que a investigação teve início no ano passado, na sequência dos confrontos na reunião magna. Mas não se fica por aqui.
O caso também estará relacionado com as ameaças a André Villas-Boas, candidato à presidência do FC Porto, e com a onda de assaltos violentos no Grande Porto.
O Observador acrescenta que o Ministério Público e a Polícia Judiciária estão também a investigar a ligação do administrador Adelino Caldeira à venda de bilhetes de jogos do FC Porto.